A proposta é feita de forma discreta e muito atrativa. Por e-mail, o remetente pede algumas informações básicas, como nome e CPF, além de um depósito de pelo menos R$ 100. Em troca, promete limpar o nome da pessoa que tiver restrições de crédito em até quatro horas. O golpista diz agir como um intermediário com acesso direto aos sistemas de cartórios, bancos, Serasa, SPC, ou qualquer outro órgão de proteção ao crédito. A facilidade oferecida faz com que muitas pessoas caiam nesse tipo de armadilha que, além de não limpar o nome e subtrair quantias de dinheiro, complica ainda mais a situação do consumidor.
Isso porque, segundo os relatos de quem caiu no golpe, as informações fornecidas servem para que os criminosos criem boletos de cobranças, crediários, contas e gerem outras dívidas. No site Reclame Aqui, que reúne opiniões de consumidores sobre empresas e serviços, as queixas se amontoam. Entre os nomes que figuram na lista, o da empresa fictícia Cred Novo, que utiliza o e-mail supercrednova@gmail.com para atrair novas vítimas.
“A única coisa a fazer é nunca acreditar em propostas fáceis, mágicas, como essa. E não se divulga informações pessoais para estranhos. Em caso de dúvida, a indicação é procurar o próprio órgão onde o seu nome está negativado e tentar entender se a proposta é real”, explica Eronides Menezes, delegado de Polícia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DPCRICI). “Por se tratar de pequenas quantias, o serviço de inteligência não é acionado para investigar casos como esse. Só quando é realmente algo expressivo. Diariamente recebemos pessoas que caem em golpes assim, muitas atraídas por e-mail. Então, por mais convincente que a mensagem seja, não acredite”, reforça o delegado.
A mensagem explica como funciona o esquema: o contato só pode ser feito por e-mail. Depois a comunicação inicial, uma conta é fornecida para o deposito. “Às vezes, essa conta ou boleto já foi criado com os dados de uma pessoa que caiu no golpe anteriormente, um laranja”, continua o delegado. Uma pontuação é estabelecida de acordo com o risco do crédito. Quanto maior a pontuação, menor o risco. A pontuação aumenta considerando-se a idade, endereço, profissão, entre outras informações que a vítima acaba passando para ter direito à facilidade. Como garantia, apenas o comprovante do depósito. “Que não garante nada”, insiste Eronides Menezes.
O professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco e especialista em educação financeira, André Magalhães, explica que não existe um processo fácil para limpar o nome no mercado. “Quando oferecerem algo muito fácil, como um simples depósito de R$ 100, desconfie, pois com certeza é mentira. O nome só deixa de ser negativado quando você negocia ou quita a dívida. Não tem outro caminho”, conta. “É enfrentar e ir tratar, de preferencia pessoalmente, diretamente com a empresa.”
Ele conta que alguns órgãos, como o Procon, podem ajudar em caso de dúvida. “Se você não tem conhecimento e não sabe com quem falar, procure ajuda. Há especialistas que ajudam a gerenciar melhor as finanças e contribuem nesse tipo de situação. E, principalmente, lembrar que aquele dinheiro é seu, você se esforça para ganhar trabalhando, então a premissa é que não se deve entregar tão facilmente, ainda mais para uma pessoa que você não conhece”, aponta o especialista.
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