O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), subiu à tribuna do plenário da Casa, na tarde da segunda-feira (28), para pedir a renúncia do presidente não eleito Michel Temer (PMDB) e, assim, fazer com que a população brasileira tenha a chance de escolher um presidente legítimo por meio do voto nas urnas, com a realização de uma eleição direta.
O pedido foi feito em meio à crise ética e política instalada no Palácio do Planalto, já chamada de “Calerogate”, que atinge diretamente o pemedebista e agrava ainda mais o quadro econômico do país devido à falta de credibilidade do governo. “Que esse presidente renuncie agora e abra espaço para o Brasil escolher um presidente legítimo”, disparou.
Se Temer renunciasse, hipótese que Humberto não acredita que vai ocorrer por considerá-lo sem grandeza moral para o ato, os eleitores teriam a oportunidade de eleger o novo chefe do Executivo. “Seria um ato de grandeza moral e política para que o povo escolhesse soberanamente seu mandatário. Certamente, isso não vai acontecer porque falta a ele essa grandeza”, afirmou.
Para Humberto, o quadro político que se avizinha é ainda pior, pois, segundo ele, o Congresso Nacional planeja derrubar Temer apenas no ano que vem. Isso abriria oportunidade para que os próprios parlamentares escolhessem o presidente da República em eleições indiretas. Pelas normas, se uma cassação ocorre na segunda metade do mandato presidencial, o Brasil teria eleições indiretas, com apenas deputados federais e senadores apontando um sucessor.
“Só querem derrubá-lo no ano que vem. É o golpe dentro do golpe aplicado por este mesmo Parlamento que tirou Dilma sem crime e quer anistiar o caixa 2”, ressaltou.
O senador avalia que o governo sequer completou seis meses e já padece de uma senilidade que não lhe permite mais governar. É um governo fraco, dominado por forças tão corruptas quanto a suposta corrupção que eles prometiam combater e que lhes serviu de um falso pretexto para abreviar o governo de Dilma Rousseff”, afirmou.
O parlamentar reiterou que o governo armou um ministério inepto e incompetente e atolado até o pescoço em irregularidades que provocaram, praticamente, uma demissão de titular por mês. “O que se pergunta por todo canto é qual o próximo ministro a cair e quando será o próximo escândalo. Sim, porque todas as quedas de ministros ocorreram por conta de escândalos e de falcatruas”, observou.
Ele citou o último episódio, em que um ex-integrante do próprio governo, Marcelo Calero, da Cultura, denunciou um escândalo e lançou na lama “proeminentes” figuras da cozinha de Temer. “É de uma gravidade tão grande quanto a desfaçatez do governo em tratar do caso”, disse.
Calero relatou à Polícia Federal ter sido pressionado pelo então homem forte do governo, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima. Para Humberto, ele cometeu tráfico de influência explícito ao exigir que fosse liberada a construção de um prédio de luxo em uma área de preservação histórica, em Salvador, onde possui apartamento.