Inadimplência das empresas desacelera e cresce 6,22%, diz SPC

O número de empresas inadimplentes apresentou novo crescimento no mês de setembro, mas a alta foi menos intensa do que em períodos anteriores. Segundo indicador calculado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), a quantidade de empresas com contas em atraso avançou 6,22% na comparação com setembro de 2013.

Trata-se da menor alta dos últimos sete meses. Já na comparação com o mês imediatamente anterior o resultado foi de queda: retração de -0,51% na comparação entre setembro e agosto deste ano.

O recuo da inadimplência das empresas na base mensal de comparação representa a primeira variação negativa em 10 meses e a queda mais intensa observada para os meses de setembro de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2010.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a melhora do indicador de inadimplência da pessoa jurídica tem relação direta com o movimento de pessoas físicas com dívidas em atraso. Em setembro deste ano, o indicador que mede a evolução dos consumidores devedores mostrou um recuo de 1,14%. “Uma vez que mais consumidores pagaram seus atrasos no mês, a saúde financeira das empresas pode ter sido positivamente afetada, o que permitiu que o número de pessoas jurídicas com pendências também caísse. Essa lógica explica uma direção da causalidade entre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, que deve ser analisada em conjunto”, explica a economista.

Em relação ao tempo de permanência das dívidas na base de registros do SPC Brasil, o detalhamento revela um movimento de queda mensal mais intenso das pendências financeiras com menos tempo de atraso (até 180 dias).

Dívidas por região

Apesar de o número de empresas com compromissos em atraso ter crescido em todas as regiões brasileiras, a alta no mês de setembro sofreu desaceleração generalizada nas cinco divisões do país. A maior alta anual, de 6,63% ocorreu no Sudeste. Já a região Nordeste, que em agosto registrara o avanço mais acentuado, ficou em segundo lugar no ranking de maiores altas (6,44%).

Na comparação com a média de crescimento nacional, de 6,22%, o Norte, Centro-Oeste e Sul registraram taxas inferiores a do país, com crescimentos de 4,56%, 2,99% e 2,68%, respectivamente.

Dívidas por segmento econômico

A análise das pessoas jurídicas por setor do devedor (segmento que está com as dívidas atrasadas em seu nome) mostra que as maiores altas foram observadas nos segmentos de serviços (9,68%), indústria (6,01%), comércio (5,02%) e agricultura (4,46%). Além disso, em setembro de 2014, quase metade (49,54%) das empresas com dívidas pertenciam ao segmento do comércio. Em seguida aparecem os setores de serviços (36,04%) e indústria (9,82%).

Para os economistas do SPC Brasil, o resultado está relacionado ao papel intermediário assumido pelos comerciantes. “Muitos atacadistas, por exemplo, ao revenderem mercadorias aos varejistas, ganham maior participação no mercado e ficam mais expostos. Com isso, o segmento acaba também respondendo pela maior parte da inadimplência”, justifica Marcela Kawauti.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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