O rigoroso rodízio de abastecimento de água em Vitória de Santo Antão, município situado na Zona da Mata Sul, está com os dias contados. Já está em fase de testes a Adutora do Sistema Tapacurá que vai levar água da Barragem de Tapacurá, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), para beneficiar os 160 mil moradores de Vitória. A previsão é que no início de fevereiro, a adutora esteja em plena operação e, ao longo deste ano, contribua para diminuir significativamente o racionamento no município, que hoje é, em média, de três dias com água para 17 dias sem. Algumas áreas da cidade poderão até ficar livres do rodízio. O empreendimento também vai atender o distrito de Bonança, localizado em Moreno, na RMR, a partir do final de março.
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) agora testa a nova adutora, com 27,5 mil metros de extensão, para fazer os ajustes elétricos e hidráulicos nas estações elevatórias. No total, foram investidos R$ 32 milhões para implantar o empreendimento, recursos do Ministério da Integração Nacional, Banco Mundial, Governo do Estado e Compesa. Além da adutora, o sistema é composto ainda por uma Estação de Bombeamento Flutuante, com cinco conjuntos de bombas que captam a água da Barragem Tapacurá e enviam para a Estação Elevatória de Água Bruta, que contém outras cinco bombas que jogarão essa água para Bonança, Distrito Industrial e ETA Vitória, de onde será distribuída.
Em Vitória de Santo Antão, a Adutora Tapacurá vai dobrar a oferta de água, incrementando o Sistema de Abastecimento de Água (SAA) da cidade com uma vazão de 200 litros por segundo. Tapacurá vai complementar o sistema de Vitória, que já recebe água dos mananciais Jussara e Águas Claras. Além disso, a rede de distribuição será modernizada e haverá uma ampliação da capacidade da Estação de Tratamento de Água (ETA). “Vitória é o município que apresenta o abastecimento mais crítico da Zona da Mata Sul devido a vários fatores, como a estiagem, que levou o Sistema Jussara a entrar em pré-colapso. A vazão do sistema que era de 130 l/s por segundo caiu para 70 l/s”, contextualiza Marconi de Azevedo, diretor Regional do Interior da Compesa.
“O município cresceu muito como um reflexo da BR 232, que facilitou o fluxo para a região, o fortalecimento do parque industrial na cidade, além da migração de pessoas de áreas saturadas da RMR, como Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca. Com a concretização da adutora vamos conseguir atender essa demanda com água de qualidade e boa pressão”, explica o diretor, informando que a Adutora Tapacurá vai possibilitar ainda manter uma vazão “reserva” de 60 l/s para ser utilizada em futuras expansões do Distrito Industrial, em Vitória.
A partir do momento que iniciar a operação definitiva do Sistema da Adutora Tapacurá, a Compesa vai reforçar a equipe técnica que estará de prontidão para atuar em campo sempre que houver estouramentos, durante o período de 90 dias. Em função da rede de distribuição de Vitória ter funcionado de forma intermitente, devido ao calendário de abastecimento praticado na cidade, ao passar a operar a rede completamente pressurizada, é esperado o aumento dos vazamentos até o sistema voltar a se estabilizar.
Bonança – A Adutora Tapacurá vai garantir continuidade no abastecimento para os 7 mil moradores do distrito de Bonança, em Moreno, que convivem com um racionamento de um dia com água para cinco dias sem. A nova adutora vai destinar a vazão de 20 litros de água bruta por segundo para a ETA de Bonança, volume que será somado aos 25 l/s que hoje são captados no Rio Jaboatãozinho – que em função da estiagem, apresenta uma redução de quase 50% da sua vazão. Com o incremento na oferta de água de Tapacurá, a expectativa é que Bonança tenha regularidade no abastecimento e retorne ao calendário de um dia com água para um dia sem.