A estratégia do Partido dos Trabalhadores de insistir na manutenção da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, que foi vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira, tem gerado incômodos entre correligionários e inquietação no PCdoB, principal aliado na eleição presidencial. Os petistas entraram, nessa terça-feira (4), com recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF) com foco na manifestação da Organização das Nações Unidas (ONU) e pretendem empurrar a substituição até os últimos dias do prazo – 17 de setembro – para não perder o apelo na possível transferência de votos.
Contudo o PT está tendo dificuldades para lidar com impasse causado pela tática política de ter três pessoas numa chapa presidencial – Lula, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e a deputada Manuela D’ávila (PCdoB-RS). Não raro aliados comentem atos falhos ou engasgam durante discursos pedindo voto para “Haddad presidente”. Do outro lado, Manuela, virtual candidata a vice da chapa de Fernando Haddad, segue sem espaço. O imbróglio, inclusive, está atrapalhando até candidatos em alguns estados que não podem imprimir material de campanha para não perder dinheiro ou ter problemas na Justiça Eleitoral.
Nos bastidores, comunistas e alguns petistas convergem na avaliação de que a transferência de voto não será automática e dependeria de outra estratégia: tornar Haddad conhecido, sem a presença física de Lula no palanque. Até agora, ele é apenas o “Andrade”. Por isso, alguns quadros petistas, que são candidatos, pressionam para Haddad assumir o quanto antes a condição de cabeça de chapa.
Mas a decisão da ONU deu sobrevida à ala que defende o adiamento da substituição, incomodando aqueles que preferiam acelerar a troca de postulante. Quando a Suprema Corte rejeitar o recurso, o partido vai explorar, ao máximo, a ideia de “Lula injustiçado” com o intuito de transferir voto, enquanto isso Haddad e Manuela têm a missão de seguirem viajando o País para fortalecerem as imagens perante o eleitorado. O petista terá o foco no Nordeste, que é a principal aposta para levá-lo ao segundo turno.
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