O novo líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PE), declarou ontem (1º) que a mudança ministerial promovida pela presidenta Dilma Rousseff não mexe com o funcionamento de instituições autônomas e independentes, como a Polícia Federal, o Ministério Público e o próprio Poder Judiciário.
Humberto afirmou, em discurso feito na tribuna do Senado, que é de uma má-fé atroz imaginar que a operação Lava Jato, integrada e tocada de forma livre por instituições sem quaisquer interferências do Executivo, possa sofrer algum tipo de prejuízo porque houve uma troca de ministro da Justiça.
Segundo ele, o mal-estar que alguns querem causar com a substituição de José Eduardo Cardozo pelo procurador Wellington César Lima tem de ser dissipado. “Todos fiquem tranquilos porque não há ações administrativas que ponham rédeas ou freios em atividades legais em curso, quaisquer que sejam elas”, disse.
O parlamentar considera que as razões pessoais de Cardozo, o mais longevo ministro no período da redemocratização do país, não dizem respeito à pasta, que segue funcionando sem qualquer sobressalto. “As pessoas passam, as instituições ficam”, observou.
O senador ressaltou ainda que os governos do PT foram os responsáveis por criarem mecanismos e darem autonomia às instituições para um combate implacável à corrupção. Ele citou o respeito à lista tríplice para a escolha do procurador-geral da República e a criação da Controladoria-Geral da União e do Portal da Transparência.
Também lembrou o trabalho recorde feito pela Polícia Federal. Desde 2003, quando Lula assumiu a Presidência da República, a PF realizou mais de 2,2 mil. “Portanto, restem em paz porque tudo seguirá funcionando da forma livre e independente como sempre funcionou. Não são e nunca foram práticas do nosso governo engavetar processos, desrespeitar ou amordaçar órgãos de qualquer natureza”, afirmou.
O senador acredita que o país chegou a um ponto de maturidade de suas instituições democráticas em que é inaceitável qualquer tipo de retrocesso. “E todos têm de entender isso, sejam de partidos do governo, sejam da oposição”, comentou.
Como novo líder do Governo no Senado, Humberto também falou do momento de instabilidade econômica e política que o país vive e das dificuldades do Congresso Nacional para este ano.
Diante do quadro, ele avalia que o PT será extremamente importante para ajudar a encontrar soluções e saídas para os problemas. “O partido terá papel fundamental e pode divergir da pauta e ter restrições a algumas linhas do Governo Federal, mas é função da sigla chamar o Governo àquilo que acredita, da mesma forma que o Palácio do Planalto não pode se fechar às discussões com a sigla”.
De acordo com o petista, o Governo também tem que fazer a parte dele. Para edificar uma pauta estruturante com o objetivo de mudar o quadro, segundo ele, o Planalto tem de aprofundar o diálogo com todos os setores, agentes políticos e sociais para melhorar a interlocução a fim de criar uma agenda plural, construída a várias mãos.
“Os desfavorecidos são os que mais sofrem nesse processo de crise e, ao mesmo tempo em que trabalhamos num ajuste fiscal que consolide os pilares da nossa economia, não podemos deixar de pensar em políticas que resguardem essas parcelas”, registrou.
Humberto, que estendeu a mão aos partidos de oposição para o diálogo, disse que a missão dele no cargo de líder do Governo será a de buscar construir consensos com todos os setores políticos do Senado em favor de projetos de interesse do Brasil e dos brasileiros. “Vou oferecer o meu trabalho, na tentativa de que possamos, conjuntamente, superar divergências e focar no extraordinário potencial que tem este país para superar dificuldades”, finalizou.