Itens comercializados na época natalina apresentam alta em 2020

Os preços dos itens mais consumidos no Natal se encontram bem acima da inflação média do IPCA, acumulando alta de 7,8%, entre janeiro e novembro de 2020, enquanto a inflação oficial alcança os 4% para o mesmo período, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação natalina é influenciada por várias questões, dependendo de cada item, como a pandemia da Covid-19 e a desvalorização do real.

“Por exemplo, o óleo de soja e o arroz têm uma ligação com o câmbio. Por serem negociados em dólar o preço é puxado, porque o real está muito desvalorizado. Mas outros itens, como por exemplo os eletrodomésticos, geralmente estão ligados à pandemia. O isolamento social fez com que muita gente procurasse esses itens, e acaba, principalmente no fim de ano, fazendo com que os preços subam. Cada item precisa ser analisado”, destaca o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos.

Alguns fatores como o recebimento do 13º salário e a continuidade do pagamento do auxílio emergencial contribuem para amenizar a queda do consumo daquelas pessoas que estão na informalidade e se encontram em situação de vulnerabilidade social. O aumento da renda das pessoas que voltaram ao mercado de trabalho com as vagas temporárias também eleva o poder de consumo das famílias e pressionam os preços através da demanda mais aquecida.

O câmbio ainda pressionado também é um fator de aumento nos itens consumidos na época natalina, fazendo com que exista vantagem em exportar produtos cotados em dólar como o arroz e a carne, criando um momento de desabastecimento do mercado interno e uma pressão nos preços destes produtos. A desvalorização do real também acaba impactando produtos importados e os seus componentes, elevando os preços.

Segundo o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, as jóias e bijuterias, seguidas das bicicletas, são os itens que apresentaram o maior aumento. “Os itens que se destacam no crescimento, em sua maioria, são ligados a variação do dólar, como a jóia e também aos produtos ligados à pandemia, como a bicicleta que com a pandemia, tornou-se um meio de transporte, além de evitar aglomerações. Quando a gente vai para a alimentação no domicílio, o item cresceu basicamente 14%, bem acima do IPCA que foi de 4% até novembro e também bem acima da própria cesta do Natal que a gente estimou em 7,8%”, destaca o economista.

Apesar do crescimento no valor de alguns itens, outros apresentaram queda por conta da pandemia da Covid-19, como exemplo as passagens áreas, chegando a -34,3%, por conta da baixa procura das viagens. Além disso, produtos ligados a vestuário, calçados e acessórios também apresentam baixa procura devido a impossibilidade de eventos sociais.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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