Jornais tentam minimizar importância de ataque ao Instituto Lula

Por TEREZA CRUVINEL
Colunista do Brasil 247

É notável o empenho dos veículos de comunicação em minimizar a importância do ataque a bomba contra o Instituto Lula. A gravidade do fato não está na qualidade ou potência do artefato explosivo e sim na sua natureza, na expressão de ódio e intolerância para com a corrente política que o ex-presidente da República representa.

Mas os jornais preferiram, todos, destacar a expressão “bomba caseira”. Feita em casa ou numa fábrica, dá no mesmo. Foi lançada por razões políticas. A mão que a atirou não o fez para roubar, arrombar o prédio ou por qualquer outra motivação. A bomba foi atirada com o que Lula representa.

Entretanto, a Folha de S. Paulo assim noticiou o fato: “Para Instituto Lula, bomba caseira jogada em sua sede foi ‘ataque político’.” Os outros jornais também se apegaram ao “caseira”.

Em qualquer outro lugar, o ato seria classificado como terrorista, não importa o estrago causado ou a ausência de vítimas. Ele conteve todos os elementos definidores das ações terroristas: uso da violência, alvo seletivo e intenção clara.

De fato, como registrou Breno Altman, não bastasse a minimização da mídia, o governo teve uma reação tímida, quase protocolar. A presidente Dilma não poderia ter se manifestado apenas pelas redes sociais. O Planalto não divulgou sequer uma nota oficial externando repúdio e preocupação. Houve uma, mas do ministro Miguel Rossetto, não do Palácio ou da presidente.

Que mais será preciso acontecer para que as forças democráticas reajam à desenvoltura da extrema-direita que vem sendo cevada e legitimada pelo antipetismo e a antipolítica?

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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