Pedro Augusto
Chuva é sinal de bênção, de prosperidade, de fartura e de bons fluídos. Tanto é que bastou apenas um fim de semana para que ela trouxesse esperança para uma realidade que há quase dois anos sucumbia com a seca castigante. De acordo com o estudo da Apac (Agência Pernambucana de Águas e Climas), no intervalo da sexta-feira (6) para o sábado (7), choveu 153 milímetros em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, que compõe a Bacia do Capibaribe, principal fornecedora de água da Barragem de Jucazinho, em Surubim. Resultado: esta última, que por muito tempo havia entrado em colapso deixando de abastecer a 15 municípios da região, passou a operar em seu volume morto.
Segundo os números repassados pela Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), até a manhã da última terça-feira (10), o nível de acumulação de água de Jucazinho estava girando na casa dos 2,58%. Este manancial tem capacidade para armazenar pouco mais de 327 milhões de metros cúbicos de água e até a data citada vinha contendo 8,4 milhões.
Em entrevista no início da semana, na Estação de Tratamento de Água do Bairro do Salgado, em Caruaru, o gerente regional da Compesa, Mário Heitor, explicou de que forma a companhia irá aproveitar o volume retido para beneficiar a população do Agreste. “Embora tenha chovido bastante na Bacia do Capibaribe, vale salientar que Jucazinho ainda se encontra com sua capacidade em volume morto, ou seja, ainda não atingiu o nível de captação normal por gravidade, que é o usual da barragem. Desta forma, para conseguirmos fazer a retirada de água deste manancial precisaremos instalar flutuantes e bombas submersas, que, inclusive, já haviam sido adotados em 2015, quando Jucazinho estava na mesma situação. Esta captação deverá ser iniciada no prazo máximo de 30 dias e beneficiará as populações de municípios que ficam localizados nas proximidades de Jucazinho, como Santa Cruz, Passira, Riacho das Almas, Cumaru, Salgadinho, Casinhas, Bezerros, Gravatá, dentre outros”, explicou Mário.
Em paralelo, a Barragem do Prata, em Bonito, continuará garantindo o fornecimento de água para um quantitativo elevado de cidades da região. “Apesar de não ter acumulado água durante essas últimas chuvas, o Prata permanece com um nível de armazenamento satisfatório – cerca de 80% – e a tendência é de reter ainda mais tão logo a quadra chuvosa passe a se intensificar. Isso quer dizer que nos encontramos com uma segurança boa no tocante ao abastecimento, haja vista que também contamos com o Sistema Pirangi, em Catende. Torcemos que chova bastante nestes próximos meses para que a população não seja prejudicada”, acrescentou Mário Heitor.
De acordo com a Apac, a previsão para 2018 é de chuvas dentro da média na região Agreste, ou seja, cerca de 700 milímetros durante a quadra chuvosa. Se considerar que o período de inverno oficial das regiões do Agreste, Zona da Mata e Metropolitana do Recife apenas começou, tendo em vista que a quadra chuvosa vai de abril até julho, há esperanças de que os mananciais possam melhorar o seu nível ainda mais.
“Sem dúvidas, essas fortes chuvas já estão contribuindo e contribuirão ainda mais para que possamos fortalecer os calendários de abastecimento em toda a região. Com esse acúmulo, embora pequeno que vem ocorrendo em Jucazinho, a própria cidade de Caruaru vem se beneficiando, porque deixou de abastecer municípios que se encontravam dependendo de seu sistema”, ressaltou o gerente regional do Alto Capibaribe da Compesa, Bruno Adelino.