A Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de um valor de até R$ 128 milhões do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), em inquérito que investiga suspeitas de corrupção apontadas na delação da JBS.
O tucano disse que irá recorrer e que, ao longo dos anos, não chegou a ter 1% desse valor em suas contas e aplicações financeiras.
A decisão, tomada em 14 de maio e divulgada nesta terça (28), é do juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, que também determinou o bloqueio de outros R$ 226 milhões em ativos financeiros de outros 15 investigados e cinco empresas.
O Ministério Público Federal, que fez o pedido, investiga se Aécio recebeu, para si e aliados, a quantia citada na decisão de bloqueio.
Parte desses repasses, disseram os delatores, aconteceu nas eleições de 2014, quando Aécio concorreu à Presidência. O restante teria sido pago na compra do prédio ligado ao jornal Hoje em Dia, em 2015 e 2016, e à Rádio Arco Íris, relacionada à família do político.
Em contrapartida, haveria a promessa de influência junto ao Governo de Minas Gerais para viabilizar a restituição de créditos fiscais de ICMS em favor de empresas do Grupo J&F, que controla a JBS.
O deputado é investigado sob suspeita de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e de associação criminosa.
Na representação da Procuradoria que pediu o bloqueio, segundo a Justiça Federal, constam documentos apresentados por executivos do Grupo J&F, elementos da Operação Patmos e de relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Procurada, a defesa de Aécio disse que considera a decisão “inusitada e incompreensível” e apresentou recurso.
“Os valores referem-se, na sua grande maioria, segundo os próprios delatores, a doações eleitorais feitas pela JBS a diversos partidos políticos em 2014. Doações, inclusive, declaradas ao TSE”, diz nota do advogado Alberto Toron.
“Depois, o destino final desses recursos comprovadamente foram os diferentes partidos políticos da coligação do PSDB. Nunca houve sequer uma acusação de que o deputado Aécio tenha se beneficiado pessoalmente de nenhum centavo”, afirma.
“Registre-se que os aventados R$ 128 milhões nunca entraram, saíram ou transitaram nas contas do deputado, que, ao longo dos anos, não chegou a ter como saldo, entre conta bancária e aplicação financeira, sequer 1% de tal valor.”
O advogado ainda diz que as afirmações dos delatores da JBS são falsas.
Folhapress