Ao pedir respeito ao que chamou de “jogo democrático”, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), disse ontem (6) que falar em impeachment “parece piada”, é uma postura de uma oposição e de uma direita truculenta. “Querem governar o Brasil, ganhem primeiro a eleição. A democracia tem regras, qualquer coisa fora disso é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito.”
Guimarães rebateu ainda as críticas de que há crise na articulação do governo com a base aliada no Congresso Nacional. De acordo com o líder, a articulação política comandada pelo vice-presidente Michel Temer vai bem. [Tem quem diga]: ‘tira o Temer, tira isso, tira aquilo’, como alguém do PMDB disse. Mas, em um momento como esse, [de dificuldades na economia], nós aprovarmos o ajuste fiscal da forma como aprovamos aqui, tem que ser motivo de comemoração”, afirmou.
Ao falar sobre a votação em segundo turno da reforma política prevista para esta semana na Câmara, Guimarães informou que o governo não vai tomar posição, como fez durante a votação em primeiro turno, quando defendeu o fim da doação de empresas a campanhas políticas. “A presidenta [Dilma Rousseff] considera que a reforma política é essencial para o país, agora o governo não vai se intrometer na hora da votação, porque se trata de uma questão no âmbito dos partidos”.
Guimarães disse também que o governo vai tentar um acordo para a votação da Medida Provisória (MP) 671/15, que trata da renegociação das dívidas dos clubes de futebol. Segundo ele, há muitas divergências entre os deputados e o governo trabalhará para um entendimento com o texto do relator, Otavio Leite (PSDB-RJ), mas defendendo um prazo para a renegociação, manter a taxa Selic como índice de reajuste e mais transparência na gestão dos clubes.
O petista criticou a aprovação, no Senado, do projeto que concede aumento de 53% a 78,56% para o Judiciário, por ser incompatível com o equilíbrio fiscal e a realidade da economia brasileira. “Acabamos de votar o ajuste. Nós apertamos, conseguimos ajustar, mas é claro que os resultados não saem em dez dias ou na outra semana, como alguns querem.”
Segundo Guimarães, a repercussão do ajuste só vai aparecer no último trimestre deste ano e começo de 2016. “Não podemos agora botar com uma mão e tirar com a outra, isso pode levar a uma quebradeira geral”, disse. Guimarães acrescentou que o governo vai discutir com o Judiciário um reajuste mais alinhado com a realidade econômica, mas defenderá que o projeto seja vetado pela presidenta se não houver entendimento.