Livrarias também sentem efeitos da crise

Por PEDRO AUGUSTO
Do Jornal VANGUARDA

A crise econômica não está poupando nenhuma época sazonal do comércio de Caruaru. Com influência direta na retração das vendas da Páscoa, Dia das Mães e do São João, esta semana ela acabou fazendo mais uma vítima. Quando se esperava incremento significativo na demanda por materiais escolares por conta do retorno às aulas da rede particular, o que se viu mesmo nas principais livrarias da cidade foi um baixo fluxo de clientes. Nem mesmo as tão cobiçadas promoções conseguiram impulsionar o desejo de consumo dos caruaruenses que, pela queda no volume de dinheiro nos bolsos, se limitaram a comprar o necessário na retomada do ano letivo – a partir desta segunda-feira (3).

Em alguns casos, a intenção ficou apenas na vontade. “Sempre em julho costumava renovar os materiais dos meus três filhos, mas como neste ano o dinheiro não está dando para chegar até o fim do mês, terei de comprá-los somente após o reinício das aulas. Estive visitando as livrarias do Centro para encontrar os melhores preços, mas, mesmo assim, não deu para levá-los logo de cara”, comentou o professor de educação física Charles Ferreira.

Quem teve mais sorte, como foi o caso do autônomo Antônio Carlos, circulou bastante pelas empresas do setor antes de se direcionar até as caixas registradoras. “Com essa inflação e juros altos, meu caro, não tem outro jeito a não ser pesquisar bastante e foi exatamente o que fiz. Depois de comparar os preços nas três principais livrarias da cidade, acabei encontrando o que queria. Mesmo assim, só trouxe o filho mais velho para as compras, afinal, menino pequeno em livraria é sinal de prejuízo. Só levei mesmo o básico”, disse.

Apesar de ficar tentada com as promoções, a dona de casa Vera Araújo também só adquiriu o necessário. “Embora nunca tenha exagerado nesta época, porque sempre reponho o que está faltando, em 2015 precisei diminuir a quantidade de materiais adquiridos.”

Os comentários desanimadores podem ser refletidos no volume de vendas de materiais registrado neste último mês de julho. Sem exceção, todas as livrarias consultadas pelo VANGUARDA apontaram queda nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. “Por conta dessa crise financeira, a situação se encontra difícil em todos os setores do comércio de Caruaru. Como não poderia ser diferente, as livrarias também estão sentindo esses efeitos negativos e, se fizéssemos um comparativo com as vendas de julho do ano passado, quando também aguardávamos pelo reinício das aulas, poderíamos afirmar que elas sofreram uma redução de 40% em 2015”, avaliou o proprietário da Estudantil, Ivan Galvão.

Assim como a concorrente, a Dom Bosco também contabilizou queda no faturamento. “Apesar de nessa época, tradicionalmente, a demanda ser inferior em relação à do início de ano, ela sempre costumava incrementar bastante os nossos faturamentos, haja vista que os pais e os próprios alunos compravam os chamados materiais de reposição, a exemplo dos cadernos, borrachas e canetas. Essa prática não acabou em 2015, mas ocorreu numa proporção bem menor em comparação aos anos anteriores”, analisou o diretor-executivo João Bosco.

“Baixamos os preços dos cadernos e mochilas, fizemos promoções, mas, mesmo assim, nosso movimento ficou muito aquém do esperado”, complementou o gerente de vendas da Livraria Cabral, Jaciel Ferreira.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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