Pré-candidatos à Presidência da República miram ações para tentar atrair os evangélicos, que representam cerca de um terço do eleitorado do país. Líder das pesquisas de intenção de voto para o pleito de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está de olho no segmento, assim como o vice-líder, o presidente Jair Bolsonaro (PL). Outro que entra na disputa por esse grupo religioso é o ex-ministro Sergio Moro (Podemos). Ele marcou, para o próximo dia 7, um grande evento em Fortaleza, no qual espera reunir pelo menos 200 pastores. A expectativa é de que divulgue uma carta-compromisso para esse público. Além disso, o ex-juiz deve se encontrar com lideranças evangélicas no interior de São Paulo, também na próxima semana.
O aceno de Moro a essa ala é uma tentativa de atrair a confiança de um setor que está dividido justamente entre Lula e Bolsonaro. Um levantamento feito pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) mostrou que 34% do grupo religioso disse ter intenção de votar no petista, enquanto 33% afirmaram que optarão pelo atual chefe do Executivo. Já o ex-ministro conta com apenas 7% de intenção de votos dos evangélicos.
Outro relatório, divulgado neste mês, também mostrou a divisão nesse segmento. Pesquisa Quaest apontou que evangélicos de todos os níveis de escolaridade se dividem entre Lula e Bolsonaro. Cerca de 40% de pessoas que cursaram até o ensino fundamental pretendem votar no petista, enquanto 30% vão optar pela recondução do presidente. Já entre entrevistados com ensino médio completo, 30% têm a intenção de votar em Lula e cerca de 40%, em Bolsonaro. Por fim, pessoas com ensino superior completo ou mais, votariam ou em Lula ou em Bolsonaro, ambos com um pouco mais de 30% de intenção de voto.
“Moro vai tentar entrar numa faixa que está muito bem ocupada, tanto por Bolsonaro quanto por Lula. Precisará de uma estratégia muito inteligente para conquistar esse público”, afirmou o cientista político André Cesar, da Hold Assessoria Legislativa.
Rafael Favetti, da Favetti Sociedade Advogados, explicou que os presidenciáveis devem estar atentos ao grupo social porque o número de evangélicos no Brasil aumenta cada vez mais. Além disso, ele salienta que esses religiosos não são um “campo homogêneo eleitoralmente falando”.
Destruição
No domingo passado, o site da Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, publicou um texto no qual enfatizou que “um cristão de verdade não pode nem deve compactuar com ideias esquerdistas”. A postagem complementa que “a esquerda prega contra o casamento convencional” e destrói “a rede de apoio familiar para ‘salvar’ o povo usando um assistencialismo manipulador”.
André Cesar destacou a influência de Edir Macedo e de outros líderes no eleitorado evangélico. “Eles são os grandes formadores de opinião e têm muitos instrumentos para isso. Até a própria retórica deles acaba influenciando bastante a decisão de voto do seu rebanho”, frisou.
Correio Braziliense