O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de seus ministros, durante reunião nesta quarta-feira (20) no Palácio do Planalto, uma comunicação mais eficaz das ações do governo, com foco regional. O petista também destacou que a polarização entre e ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro continua no mesmo patamar da eleição do ano passado.
Durante a fala que encerrou a reunião ministerial, Lula, segundo participantes, disse que a divulgação das iniciativas do governo pode ajudar a reduzir a resistência que parte da população tem ao seu nome. O presidente afirmou que quem gostava dele na época da eleição continua gostando e quem não gostava também permanece com o mesmo sentimento.
Em complemente à fala de Lula, o ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, disse que quando foram feitas inaugurações de obras nos estados os titulares das pastas devem viajar com antecedência para poderem dar entrevistas aos veículos locais.
O presidente também pediu que seus ministros aumentem a presença nos estados para divulgar as ações. A ideia do governo é que o segundo ano aproxime a gestão do povo.
Foram mostrados ainda levantamentos das viagens dos ministros aos estados. A conclusão foi que houve muitas agendas em São Paulo e poucas em estados como Minas, o segundo mais populoso. Para o próximo ano, a ideia é distribuir melhor os deslocamentos dos ministros.
Na semana passada, durante sua live semanal, Lula já havia demonstrado incômodos com a comunicação do governo. O presidente afirmou que era importante “falar todo santo dia” das iniciativas da gestão para que as pessoas ficassem sabendo e questionou quando é que o governo começaria a “comunicar”.
— O que é importante é que tem que todo santo dia falar, porque se não falar as pessoas não sabem, e se as pessoas não sabem, as pessoas não usam — afirmou Lula, completando em outro momento: — Uma coisa que me incomoda é que nós fazemos um lançamento de programa de saúde lá no Palácio (do Planalto), eu não sei o que acontece depois que a gente lança. Eu não sei qual é o caminho que isso toma. Ao anunciar um programa eu sei que leva um tempo pra ele entrar em vigor, a minha dúvida é quando é que a gente vai comunicar para as pessoas para elas saberem. Porque as pessoas não sabem.
Além do presidente, falaram na reunião ministerial os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Comunicações), Flávio Dino (Justiça) e o vice Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria e Comércio. Também fizeram exposições os presidentes de bancos: Aloizio Mercadante (BNDES), Paulo Câmara (Banco do Nordeste) e Tarciana Medeiros (Banco do Brasil). Falaram ainda os presidentes da Petrobras, Jean Paul Prates, e dos Correios, Fabiano Silva.
Uma outra cobrança feita por Lula foi da responsabilidade dos ministros sobre as suas respectivas equipes. Além de pedir eficiência e entrega dos times montados pelos titulares das pastas, o presidente destacou a necessidade uma gestão mais atenta a deslizes. Durante o primeiro ano de gestão, o governo enfrentou desgaste por causa de iniciativas de servidores dos ministérios.
Um dos casos de maior repercussão envolveu o Ministério da Igualdade Racial, comandado por Anielle Franco. A sua assessora Marcelle Decothé da Silva foi exonerada após publicar ofensas aos torcedores do São Paulo nas redes sociais durante uma agenda oficial do governo para a assinatura de um protocolo de intenções contra o racismo e promoção da igualdade racial no futebol.