O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin foram diplomados, ontem, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que encerra oficialmente o pleito de outubro. No discurso, o petista salientou que a cerimônia marcava a “celebração da democracia” e que coroava o fim de um processo de desgaste das instituições e de ataques ao Estado Democrático de Direito.
A diplomação foi marcada por diversas simbologias. Ao entrar no Plenário do TSE, apoiadores e aliados de Lula o receberam com aplausos e gritos de “Boa tarde, presidente Lula” — uma alusão ao cumprimento que faziam, em Curitiba, na vigília em frente à sede da Polícia Federal (PF), quando o presidente eleito se encontrava preso.
A plateia também entoou o tradicional “Olê-Olê-Olê-Olá-Lula” quando o petista se emocionou, como há 20 anos, ao lembrar que estava sendo diplomado presidente da República pela terceira vez, apesar de seus adversários dizerem que ele nem sequer tem formação universitária.
“Esse diploma que recebi não é um diploma de Lula presidente. É um diploma de uma parcela significativa do povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país. Vocês ganharam esse diploma”, destacou. E acrescentou. “Sei o quanto custou, não apenas a mim, o quanto custou ao povo brasileiro essa espera para que a gente pudesse reconquistar a democracia nesse país”, disse.
Apesar do ambiente de emoção, o discurso de Lula foi duro contra os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que tentam desestabilizar o ambiente da transição e também contra a campanha de desgaste sofrida pelo Poder Judiciário, promovida pelo presidente da República. Segundo o petista, “poucas vezes na nossa história a vontade popular foi tão colocada à prova, e teve que vencer tantos obstáculos para enfim ser ouvida”.
“Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor em vez do ódio, a verdade em vez da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”, observou.
Lula destacou no discurso que enfrentou, na corrida eleitoral, “um projeto de destruição do país ancorado no poder econômico e numa indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo de nossa história”.
O presidente eleito salientou que “a máquina de ataques à democracia não tem pátria nem fronteiras” e que observou que “só tem sentido, e será defendida pelo povo, na medida em que promover, de fato, a igualdade de direitos e oportunidades para todos e todas”. Lula se comprometeu, ainda, a “construir um verdadeiro Estado Democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça”.
Mesmo com a presença de altas autoridades do Judiciário e do Legislativo, ministros e ministeriáveis do futuro governo, além de apoiadores de dentro e de fora do Congresso, chamou a atenção um grupo de funcionárias do TSE que atuam na limpeza e no restaurante reunido ao lado dos jornalistas e ouvindo atentamente o discurso de Lula. Todas aplaudiram efusiva e emocionadamente as palavras do presidente eleito.