A dias do segundo turno nas eleições da Argentina, presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou as relações comerciais entre os dois países e afirmou, nesta terça-feira, que para mantê-las é preciso um presidente que “goste de democracia”, “respeite as instituições” e “goste do Mercosul”. Sem citar nominalmente nenhum dos dois candidatos na disputa, Sergio Massa e Javier Milei, Lula afirmou que o voto do povo argentino é “soberano”, mas pediu que a população pense um pouco no “tipo de América do Sul” que querem no futuro.
“Eu não posso falar de eleição na Argentina porque é um direito soberano do povo. Eu queria pedir para vocês que lembrem que o Brasil precisa da Argentina e que a Argentina precisa do Brasil. Dos empregos que o Brasil gera na Argentina e dos empregos que a Argentina gera no Brasil. Do fluxo comercial entre os dois países, e de quanto nós podemos crescer junto” afirmou, completando: “Para isso é preciso ter um presidente que goste de democracia, que respeita as instituições, que gosta do Mercosul, que gosta da América do Sul, e que pense na criação de um bloco importante”.
No próximo domingo (19), Sergio Massa, atual ministro da economia da Argentina, e Javier Milei, candidato de extrema-direita, vão disputar a Casa Rosada. Milei já afirmou, entre outras coisas, que queimar o Banco Central “vai acabar com a inflação”, que a venda de órgãos pode ser “mais um mercado” e que os políticos “devem levar um chute na bunda”.
No governo Lula, há uma avaliação de que se Milei vencer a eleição haverá um retrocesso na integração regional, com paralisia no Mercosul. Interlocutores do governo brasileiro apontam que o impacto na política de integração, que ganhou força com a vitória de Lula e sua proximidade com os líderes da esquerda da região, será negativo.
Miler é admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro e mantém contatos com o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. Durante o governo anterior, as relações entre Brasil e Argentina ficaram praticamente congeladas no âmbito político. Lula também é aliado e amigo pessoal do atual mandatário argentino, Alberto Fernández.
Se Milei vencer, o retrocesso esperado na integração não atingiria apenas as relações entre Argentina e Brasil. A reaproximação dos países da região com a Venezuela do chavista Nicolás Maduro, por exemplo, também seria afetada.
O Globo