O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instalou, nesta quinta-feira (23), a estrutura administrativa para a presidência brasileira no G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo), que começa em 1º de dezembro.
A Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência Brasileira do G20 é formada por 39 órgãos do governo, divididos em dois grupos principais: um para representar os líderes do G20 e outro voltado para questões financeiras.
Nessa quarta-feira (22), Lula participou de uma reunião de cúpula virtual do G20. Na ocasião, Lula elogiou o acordo anunciado por Israel, que envolve a libertação de reféns, mulheres e crianças, em troca de uma trégua temporária de quatro dias e a libertação de prisioneiros palestinos. Lula afirmou esperar que a medida contribua para uma solução pacífica na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Na presidência do G20, o Brasil terá o desafio de emplacar as prioridades da política externa de Lula nos debates entre os líderes das maiores economias do planeta.
Na reunião com a cúpula, Lula afirmou que a partir de 1º de dezembro, quando assumir a presidência do grupo, o governo brasileiro vai divulgar um calendário e notas conceituais que vão orientar os trabalhos nas várias instâncias do G20.
A presidência do Brasil terá mandato de um ano, que terminará com um encontro de líderes do bloco em novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Antes disso, haverá centenas de reuniões ministeriais, técnicas e envolvendo representantes da sociedade civil em várias cidades brasileiras.
O Brasil trabalhará com três pilares até novembro de 2024, quando passará a presidência do bloco para a África do Sul: combate à fome, à pobreza e à desigualdade; desenvolvimento sustentável a partir da harmonização entre meio ambiente, economia e políticas sociais; e governança global, que, na visão de Lula, não atende às necessidades das nações em desenvolvimento.
No dia 13 de dezembro, Lula vai receber em Brasília representantes das áreas políticas e financeiras do bloco. Na presidência do G20, a diplomacia brasileira terá de demonstrar capacidade de construir consensos em torno das soluções, em um mundo polarizado entre Estados Unidos e China e com conflitos que atingem regiões importantes,, como o Leste Europeu (Ucrânia x Rússia) e Oriente Médio (Israel x Hamas).
O Brasil defende que instituições multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, deem prioridade às necessidades das nações em desenvolvimento, sobretudo na área de infraestrutura, e estudem formas de renegociação de dívidas de países em dificuldades, como a Argentina.
O fim do estado de paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, que hoje conta com apenas cinco países como membros permanentes e com direito a veto — Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia — também estão na pauta.
O lema da presidência brasileira é “construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. Segundo Lula já afirmou em outras ocasiões, a ideia é buscar resultados concretos, que gerem benefícios para os mais pobres e vulneráveis.