No momento em que o PT anuncia a intenção de rever a reforma trabalhista e de promover outras mudanças na economia, caso volte ao poder, o pré-candidato do partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsabilizou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo alto índice de inflação em 2021, de 10,06%, o maior desde 2015, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“É importante o povo saber que boa parte da inflação neste país se deve aos preços controlados por um governo irresponsável. Segundo o IBGE, em 2021, a gasolina ficou 47% mais cara; o diesel, 46%; o botijão de gás, 36%”, disse Lula, ontem, pelas redes sociais. “E hoje é 12 de janeiro. O ano mal começou, e o Brasil já enfrenta a primeira alta nos combustíveis de 2022. Já o aumento do salário mínimo (agora, de R$ 1.212), este ano, não vai sequer cobrir a inflação”, acrescentou.
Em resposta às críticas do opositor, Bolsonaro comparou o consolidado da inflação em 2021 com o resultado do pior momento do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Em 2015, o IPCA, índice oficial da inflação, fechou em 10,67%.
“Se eu não me engano, em 2014, 2015, a inflação foi de 10% também. Aponte-me qual crise aconteceu nesses dois anos. Não teve crise nenhuma. Nós tivemos aqui a questão do Covid. Com a política do ‘fique em casa’, a cadeia produtiva sofreu solavancos. E a inflação é uma questão natural”, defendeu-se, em entrevista à Gazeta Brasil.
Nos últimos dias, Lula, apontado pelas pesquisas como favorito na corrida ao Planalto, vem intensificando o debate sobre a economia, no momento em que o governo Bolsonaro colhe péssimos resultados no setor.
O ex-presidente e lideranças do PT têm defendido a revogação da reforma trabalhista, aprovada no governo Michel Temer (MDB), para o caso de vitória do partido nas eleições.
A proposta tem sido criticada por políticos e representantes do mercado. Além disso, causou preocupações ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), que o PT tenta atrair para ser vice na chapa de Lula.
Ao mesmo tempo, especialistas apontam que a reforma trabalhista não surtiu os efeitos esperados. “Essa é uma discussão atualíssima, tendo ainda mais em vista que, no Brasil, a reforma trabalhista não gerou os milhões de empregos que os defensores disseram que ela geraria”, afirmou o professor José Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB).
Correio Braziliense