Maia nega que teria intenção de derrubar Temer e defende foco em reformas

Do Congresso em Foco

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) concedeu entrevistas aos jornais O Globo e Folha de S. Paulo negando especulações que teria trabalhado contra o presidente Michel Temer (PMDB) ou que teria uma “patota” interessada em fazê-lo. Maia aproveitou para reiterar o apoio às reformas, especialmente a da Previdência, mas admitiu que o governo terá de trabalhar para reorganizar a base para conseguir os 308 votos necessários.

Questionado sobre a relação com Temer, Maia afirmou a ambos os jornais que “está boa”. A’O Globo, disse que Temer tinha “sorte” por ter agenda econômica igual à dele. Já à Folha, ele aproveitou para alfinetar o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Na segunda-feira (31.jul), quando questionado pela reportagem do jornal qual era o grau de confiança em Maia em uma escala de zero a dez, Padilha fez uma pausa de seis segundos antes de responder “dez”. Maia disse que sua relação com o governo é nota nove. “Não preciso esperar os seis segundos”, completou.

Sobre as especulações de que ele e seu entorno teriam, em um primeiro momento, trabalhado contra Temer para ver Maia no Planalto, o presidente da Câmara negou. Afirmou que não tem “patota” e constrói sua presidência com todos os partidos. Ele também disse que não seria benéfico para sua carreira como político trabalhar para derrubar o presidente, apesar de ter condições de gerar dificuldades para o governo. “Acredito que não cabia à minha pessoa fazer nenhum movimento que me beneficiasse pessoalmente. Isso mancharia minha biografia”, disse ao repórter Daniel Carvalho, da Folha, a quem também negou que vá se candidatar à Presidência da República em 2018. Ele avalia que não tem votos no Rio ou em nível nacional para o cargo, mas que pretende a reeleição no ano que vem.

Maia aproveitou para defender uma reorganização da base governista para a reforma da Previdência, que afirmou ter prioridade. “Olhando para a necessidade das reformas, precisa reconstruir parte da base para que se possa ter 308 votos necessários para aprovar principalmente a da Previdência.” Para ele, é preciso “reorganizar a base”, “ter o PSDB de volta, unido” e olhar para o futuro, administrando o desgaste que a votação da denúncia causou para criar o ambiente propício para aprovar as reformas da Previdência e tributária.

Apesar do discurso sobre a reforma previdenciária, os deputados devem priorizar a reforma política, dado o curto prazo para aprovação de novas regras para o pleito de 2018. O próprio Rodrigo Maia já afirmou que a reforma política é a pauta prioritária dos próximos dias e a comissão especial deve votar as novas regras de financiamento nesta quarta-feira (9).

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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