A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, fundadora da Rede, deixa as portas abertas para se reaproximar do ex-presidente Lula, de quem foi aliada e se afastou após sair deixar o governo do petista, em 2008. Candidata à Presidência em três ocasiões (2010, 2014 e 2018), a ex-senadora põe à mesa,em entrevista exclusiva, a possibilidade de reconciliação. Ao mesmo tempo que se dispõe a retomar o diálogo com o líder das pesquisas eleitorais, Marina diz considerar fundamental, porém, que o PT reconheça os erros cometidos:
“Fica essa história, como se eu fosse uma mulher rancorosa que não sabe separar os grandes desafios postos no Brasil. Eu estou disposta a conversar no campo da democracia. Da minha parte, não tenho nada pessoalmente contra o Lula. São questões concretas, de natureza objetiva e que podem sim ser conversadas”.
A ex-ministra também fala sobre seus planos para 2022, o que (ou quem) lhe incomoda na campanha presidencial de Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, e critica a ausência de políticas ambientais do governo Bolsonaro.
Como a senhora vê o cenário eleitoral de 2022?
“O debate que queremos fazer é apenas sobre mudar para um novo governo ou produzir uma mudança para uma nova realidade? Se for para transitarmos para uma nova realidade, teremos que reconhecer que, ao longo desses anos, cometemos erros e temos que estar dispostos a fazer autocrítica. Quando uso esse “nós”, estou me referindo ao campo democrático. Não podemos nos esquecer de que tivemos um longo período após a reconquista da democracia em que se alternaram PT e PSDB”, afirmou.
“Ao que pesem ganhos relevantes na política econômica e nas políticas sociais, o que brotou daí foi o Bolsonaro. Em que os partidos comprometidos com a democracia falharam em consolidar e aprofundar essa democracia? Qual é o acordo? Qual é o pacto de sustentação para essa nova realidade que não seja continuar refém do Centrão?”, questionou Marina.
Agência O Globo