Mesmo com a crise, consumidores estão otimistas com o futuro das finanças pessoais

Em termos percentuais, apenas 27% dos consumidores brasileiros se dizem otimistas com o futuro da economia do país contra 36% de entrevistados que se declaram pessimistas. A maior parte (47%) dos otimistas, contudo, não sabe apontar as razões desse sentimento. Entre os pessimistas, mais da metade (54%) cita a corrupção, a incompetência e a impunidade como a principal razão de desalento. Outros 20% mencionam o aumento do desemprego como influência negativa.

Quando a análise de detém ao próprio orçamento, o percentual apresenta índices mais expressivos: 61% dos entrevistados estão de algum modo otimistas com o futuro de sua vida financeira, contra apenas 14% de pessimistas. Entre os otimistas, novamente, a maior parte (32%) não sabe dizer por que estão confiantes. Para 27%, o otimismo é explicado pela esperança que nutrem em conseguir um novo emprego ou uma promoção profissional.

Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o reestabelecimento da confiança do consumidor depende de uma série de eventos políticos e econômicos que estão em curso. “O risco de novas instabilidades no campo político pode afetar o humor do brasileiro. Por outro lado, no campo econômico, alguns indicadores já dão sinais de uma tímida interrupção de longos meses de recessão. Se confirmadas as expectativas de que a pior fase da crise foi superada, isso poderá devolver algum ânimo aos consumidores e empresários”, explica Pellizzaro Junior.

Aumento do custo de vida é o vilão do orçamento

O levantamento ainda revela que quase a metade dos consumidores (49%) aponta o elevado custo de vida como o fator que mais tem pesado na vida financeira familiar. “Apesar de a inflação ter recentemente recuado para níveis abaixo da meta oficial, no auge da crise, o descontrole dos preços coincidiu com o avanço do desemprego, tornando ainda mais difícil a manutenção do padrão de consumo”, explica a economista Marcela Kawauti.

Se na opinião dos consumidores o custo de vida incomoda, é nos supermercados onde eles mais percebem o aumento dos preços: 66% notaram que os preços aumentaram nesses locais. Para 61%, também aumentou o preço da energia elétrica. Nas tarifas de telefone (38%), preço de roupas (38%) e de itens de bares e restaurante (32%), essa percepção foi menos acentuada.

O desemprego também se destaca entre os fatores que mais pesam na vida financeira familiar sendo mencionado por 21% da amostra. Aparecem em seguida a queda da renda (12%) e o endividamento (11%).

Metodologia

Foram entrevistados 801 consumidores, a respeito de quatro questões principais: 1) a avaliação dos consumidores sobre o momento atual da economia; 2) a avaliação sobre a própria vida financeira; 3) a percepção sobre o futuro da economia e 4) a percepção sobre o futuro da própria vida financeira. O Indicador e suas aberturas mostram que há confiança quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica falta de confiança.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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