Mesmo com o reajuste tarifário progressivo, que começa a ser implantado no próximo domingo (5), as operações do MetroRec correm o risco de paralisar a partir de julho. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos, a atividade metroviária no Recife tem uma defasagem de R$ 480 milhões, recebendo uma subvenção do Governo Federal de mais de 80%. Em maio, o sistema precisará de uma complementação de receita da União que, caso não seja liberada graças ao contingenciamento do Ministério da Economia, a operação corre o risco de parar de funcionar. CBTU não informou qual o valor está em tratativa com a pasta. Dívida de R$ 110 milhões do Grande Recife Consórcio também coloque em xeque o funcionamento do sistema na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Segundo o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Companhia, Pedro Cunto, a atividade do MetroRec representa mais de 50% do total de custos da CBTU, comparando com as cinco cidades onde a companhia opera. E a receita não chega a 13%. “Para que o MetroRec opere de maneira mais sustentável, além do reajuste tarifário progressivo, que chegará a R$ 4 em março do próximo ano, outro passo precisa ser dado. É a repactuação da integração tarifária, que no Recife é completamente diferente do restante do país. Quem chega ao metrô pelos ônibus do Sistema Estrutural Integrado (SEI), que representa 56% dos nossos passageiros, não paga nada a CBTU. E quem acessa as plataformas dos trens com o VEM, só paga a CBTU 34%. E há dois anos, esse dinheiro não vem sendo pago pelo Governo do Estado”, denunciou o diretor da CBTU. No Recife, a tarifa do metrô não tem reajuste há pelo menos 13 anos.
Em números reais, o custo anual do sistema na RMR é de R$ 541 milhões, mas a arrecadação com a tarifa não chega a R$ 70 milhões, de acordo com o superintendente da CBTU no Recife, Leonardo Villar Beltrão. “Dos 40 trens que temos no Recife, 13 estão parados por falta de recursos para fazer manutenção. E esses R$ 541 milhões é o valor necessário para pagar as contas do sistema, mas sem fazer investimentos”, disse Villar. Segundo ele, hoje os maiores gastos da operação no Recife são em segurança e energia.