O Ministério da Saúde informou hoje (4) que, de 9 de junho até 31 de agosto, 2.753 casos de sarampo foram confirmados no país. No período, houve quatro óbitos, em decorrência da complicação do quadro de saúde dos pacientes, três em São Paulo e um em Pernambuco.
Conforme destacou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, três dos mortos tinham menos de 1 ano de idade.
Com relação ao boletim divulgado na quarta-feira (28), houve aumento de 18% no número de pessoas infectadas. Segundo o Ministério da Saúde, o número se deve à confirmação clínica de casos que estavam em investigação.
Ao todo, a pasta recebeu a notificação de 20.292 suspeitas da doença, das quais 2.109 foram descartadas. O restante ainda está sob investigação. Os casos confirmados estão concentrados em 13 estados, sendo a maioria, 98,37%, no estado de São Paulo (2.708), seguido do Rio Janeiro (15), Pernambuco (12), Distrito Federal (3), Goiás (1), Paraná (1), Maranhão (1), Rio Grande do Norte (1), Espírito Santo (1), Bahia (1), Sergipe (1), Santa Catarina (7) e Piauí (1).
Vacinação
Como prioridade, o governo federal estabeleceu a vacinação de todas as crianças com idade entre 6 meses e 11 meses e 29 dias, grupo em que a doença pode, facilmente, se tornar letal. Nesse caso, é aplicada a chamada dose zero.
Outra recomendação é que, ao completar 1 ano de idade, as crianças recebam a primeira dose. A segunda dose, a última a ser tomada por toda a vida, é aplicada aos 15 meses de idade.
Oliveira avalia que há, atualmente, uma “tendência de estabilização no número de casos”. “Nós estamos acompanhando [os casos] semanalmente. Se não tivermos outros surtos, em outros locais, se essa estabilidade permanecer, vamos conseguir interromper as cadeias de transmissão. Temos que manter os municípios e os estados sem novos casos por 90 dias, pelo menos. Ainda é cedo para afirmar que tem uma queda. Há apenas uma tendência de queda baseada no perfil de positividade dos casos”, afirmou a jornalistas.
Segundo o secretário, uma estimativa calculada em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) indica que 39,9 milhões de brasileiros estão desprotegidos contra o sarampo, por não terem tomado nenhuma dose da vacina. Para mensurar a faixa da população sem cobertura vacinal, o estudo analisou informações que compreendem o intervalo de 1994 a julho de 2019.
Durante a entrevista à imprensa, Oliveira informou que, na semana passada, o governo obteve 17,8 milhões de doses da vacina contra sarampo. Ele ressaltou que, no mercado internacional, quatro laboratórios produzem o imunizante e que, no Brasil, existe apenas um fornecedor, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Sobre a doença
Causado por um vírus, o sarampo é uma doença infecciosa grave, que pode levar à morte. A transmissão ocorre por via aérea, ou seja, quando a pessoa infectada tosse, fala ou respira próximo de outras pessoas.
Mesmo quando o paciente não vai a óbito, há possibilidade de a infecção ocasionar sequelas irreversíveis. Quando a doença ocorre na infância, o doente pode desenvolver pneumonia, encefalite aguda e otite média aguda, que pode gerar perda auditiva permanente.
Os sintomas do sarampo são febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, coriza (nariz escorrendo ou entupido) e mal-estar intenso. Quando o quadro completa de três a cinco dias, podem aparecer manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas do paciente.
A prevenção ao sarampo, feita por meio da vacinação, é fundamental, já que não há tratamento para a doença. O tipo da vacina varia conforme a idade da pessoa que irá tomá-la e a situação epidemiológica da região onde vive, ou seja, é necessário levar em conta a incidência da doença no local. Quando há um surto, por exemplo, a dose aplicada pode ser do tipo dupla viral, que protege contra sarampo e rubéola.
Há, ainda, as variedades tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela, mais conhecida como catapora). As vacinas estão disponíveis em unidades públicas e privadas de vacinação. Segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece doses gratuitamente, em mais de 36 mil salas de vacinação, localizadas em postos de saúde de todo o Brasil.
O governo brasileiro recomenda que pessoas na faixa entre 12 meses e 29 anos de idade recebam duas doses da vacina. Para a população com idade entre 30 a 49 anos, a indicação é de uma dose.
Recentemente, o Brasil perdeu o certificado de eliminação da doença. Na semana passada, passaram a apresentar semelhante condição quatro países da Europa: Reino Unido, Grécia, República Tcheca e Albânia. De acordo com o Ministério da Saúde, no primeiro semestre deste ano, Cazaquistão, Geórgia, Rússia e Ucrânia concentraram 78% dos casos registrados na Europa.
Agência Brasil