Ministro: houve falha da empresa que administra presídio

Do G1

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou, hoje, em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que houve “falha” por parte da empresa Umanizzare – que administra o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) – no massacre que deixou 56 mortos nesta semana em Manaus.

O motim na unidade – que ocorreu entre domingo (1º) e segunda-feira (2) – durou 17 horas e, além dos 56 mortos, também registrou 180 fugas.

Aos jornalistas, o titular da Justiça ressaltou que a empresa tinha a responsabilidade de verificar a entrada de armas e celulares.

“A responsabilidade vai ser analisada pela força tarefa que está fazendo a investigação. O presídio é terceirizado. Não é uma PPP. É uma terceirização dos serviços. De cara, óbvio, houve falha da empresa. Não é possível que entre armas brancas, facões, pedaços de metal, armas de fogo inclusive escopeta”, declarou o ministro.

Moraes destacou ainda que relatórios de inteligência elaborados em outubro de 2016 indicavam que havia possibilidade de fuga na penitenciária da capital amazonense entre o Natal e o Ano-Novo.

“As autoridades locais disseram que tomaram todas as medidas para evitar isso. Isso vai ser apurado pela Polícia Civil”, enfatizou.

Risco de visitas

Documentos obtidos pelo ‘Jornal Nacional’ mostram que, antes da rebelião, a empresa Umanizzare alertou o secretário de Administração Penitenciária do Amazonas, Pedro Florêncio Filho, dos riscos de se permitir visitas no fim do ano aos presos.

O governo estadual havia permitido que cada um dos mais de 1,2 mil presos pudessem receber ao menos um acompanhante no Natal e no Ano-Novo.

No dia 27 de dezembro, quatro dias antes da rebelião, a empresa ainda pediu providências imediatas porque, no dia 24, com autorização da Secretaria de Administração, os horários de visitas não foram respeitados, o que prejudicou a revista de celas e a contagem de presos.

A empresa mandou, no dia 30, um novo ofício para o secretário pedindo novamente providências porque os presos tinham retirado do telhado sete barras de ferros de seis metros de comprimento cada uma.

Material semelhante tinha sido usado em uma tentativa de fuga recente. A empresa pedia uma revista com escolta armada para recuperar as barras de ferro. O objetivo era desmobilizar os presos que poderiam fugir. Mas a rebelião aconteceu dois dias depois.

O secretário Pedro Florêncio Filho admitiu ao Jornal Nacional que autorizou as visitas de fim de ano aos presos do Compaj, permitindo a pernoite das famílias, mas disse que não sabia do ofício da administradora sobre os possíveis riscos porque estava fora da cidade quando o documento foi enviado.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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