Molon e Aliel trocam a Rede, de Marina, pelo PSB e esvaziam bancada da presidenciável na Câmara

Dois dos principais opositores do governo Temer na Câmara, os deputados Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) confirmaram, por meio de cartas nas redes sociais  que estão de saída da Rede Sustentabilidade, partido idealizado e criado pela ex-ministra Marina Silva em fevereiro de 2013. A mudança tem implicação direta na candidatura de Marina, terceira colocada nas pesquisas para presidente.

A Rede passará a ter apenas dois dos quatro nomes de sua atual bancada na Câmara – permanecem Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS), atual líder do partido. Devido às regras eleitorais, a ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula (2003-2010) corre o risco de ficar fora dos debates no rádio e na TV durante a corrida presidencial. A participação nos debates de TV só é garantida a candidatos cujos partidos têm ao menos cinco representantes no Congresso. Com a saída de Molon e Aliel, a bancada da Rede no Parlamento se resume a Miro, João Derly e o senador Randolfe Rodrigues (AP), que decidiu permanecer na legenda.

Com apenas 12 segundos no horário eleitoral, Marina também enfrentará uma realidade de recursos escassos para bancar a campanha, graças ao cálculo do fundo eleitoral que consta de um dos projetos aprovados pelo Congresso no final de 2017. Diante da situação, Marina já pôs em curso no Congresso um trabalho de convencimento para que parlamentares decidam se transferir para a Rede.

Os dois deputados não precisam de carta de desfiliação da Rede para formalizar a transferência de partido, pois foram eleitos por outras legendas (Molon pelo PT e Aliel pelo PCdoB). Ambos bateram de frente com Marina desde os primeiros momentos do impeachment, iniciado em 2 de dezembro de 2015, quando contrariaram a líder e votaram contra o afastamento de Dilma (vídeos abaixo). Tanto Molon quanto Aliel chegaram à conclusão de que não se reelegeriam se continuassem na Rede.

Momento “delicado e preocupante”

No comunicado, Molon sugere discordância programática em relação à Rede. “Em uma conjuntura tão conturbada, não há decisão simples a ser tomada. A complexidade do momento e a fragilidade do quadro partidário brasileiro não devem nos paralisar. O momento atual requer ousadia […]. Mudo de partido para permanecer fiel às bandeiras que sempre defendi – e continuarei a defender – na minha caminhada”, escreveu o deputado, mencionando ainda o momento “delicado e preocupante” não só do Rio sob intervenção federal, mas do próprio país.

O deputado informa ainda que o ato de filiação, previsto para esta terça-feira (27), será conduzido pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Destinando “carinho especial” à criadora da Rede, Molon diz ter comunicado a Marina Silva sobre sua desfiliação.

“Observando o cenário partidário, vejo com entusiasmo e esperança o movimento de reencontro do PSB com sua história, marcada por uma defesa clara da justiça social feita por quadros como Miguel Arraes e tantos outros que se dedicaram à construção de um país melhor”, anotou o parlamentar fluminense, um dos votos da Rede contra o impeachment na já histórica sessão de plenário que, conduzida pelo ex-deputado preso Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em 17 de abril de 2016, deu andamento ao processo de impeachment e enviou a denúncia ao Senado.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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