O diretor de redação do jornal Folha de São Paulo, o jornalista Otávio Frias Filho, 61 anos, faleceu na madrugada desta terça-feira (21), no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, em consequência de um câncer de pâncreas. Frias Filho vinha se tratando desde setembro do ano passado, quando descobriu a doença. O velório acontece logo mais às 11h30 desta terça, seguido de cerimônia de cremação, marcada para as 14h, no Cemitério Horto da Paz, no município de Itapecerica da Serra, em São Paulo.
Natural de São Paulo, o jornalista nasceu em 7 de junho de 1957 e é o filho mais velho e herdeiro de Octavio Frias de Oliveira, empresário que adquiriu a Folha em 1962, quarta família e gerir a companhia fundada em 1921, e também a mais longeva na posição, falecido em 2007. Otávio Frias Filho fez faculdade de direito e ciências sociais.
Iniciou na profissão em 1975 como assistente de Cláudio Abramo, que era o então diretor de redação da Folha de São Paulo. Teve participação na reforma editorial, conduzida pelo chefe e pelo pai em que o jornal se abriu a articulistas e opiniões de diversos lados, muitas vezes antagônicos, dando uma linha plural que, posteriormente, virou sinônimo de credibilidade e passou a ser replicado por boa parte da imprensa brasileira.
Em 1984 assumiu a diretoria de redação da Folha de São Paulo, quando também criou o famoso Manual de Redação. Ele também escreveu várias peças de teatro e livros. Entre os livros de sua autoria estão Tutankaton (Iluminuras), que reúne peças teatrais, De Ponta-Cabeça (Editora 34), uma coletânea de textos jornalísticos publicados em uma coluna semanal que mantinha na Folha, Queda Livre (Companhia das Letras), um livro de ensaios, Livro da 1ª Vez (Cosac Naify), infantil, e Seleção Natural (Publifolha), conjunto de ensaios de cultura e política.
No teatro, as peças quatro de suas peças estão entre as mais encenadas em São Paulo. Com destaque para O Terceiro Sinal, um dos ensaios de Queda Livre que foi adaptado para o palco em duas montagens, em 2010 e em 2018. O texto em primeira pessoa nasceu de uma experiência de Frias Filho como ator, quando foi escalado para viver o jornalista Caveirinha na montagem de Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, feita pelo Teatro Oficina em 2000. No ensaio, ele narra suas preocupações antes de entrar em cena. Nos últimos anos, escrevia a coluna no caderno Ilustríssima, de Cultura.
Otávio Frias Filho deixa a esposa, também jornalista, Fernanda Diamant, editora da revista Quatro Cinco Um, com quem teve as filhas Miranda e Emília. Além de Luiz Frias, com que dividia o comando do jornal, Frias Filho também deixa as irmãs Maria Helena, médica, e Maria Cristina, editora responsável pela coluna Mercado Aberto.
Diario de Pernambuco