“O ministro se precipitou, pô. Precipitação do ministro Ricardo Salles. O que é que tá acontecendo? O governo está buscando recursos para poder pagar o auxílio emergencial, é isso que eu estou chegando à conclusão. Então está tirando recursos de todos os ministérios. Cada ministério oferece aquilo que pode oferecer, né? Então o ministro teve uma precipitação aí e não vai ser isso que vai acontecer, não vai ser bloqueado os R$ 60 milhões aí, entre Ibama e ICMBio, que são exatamente do combate ao desmatamento e a queimada ligada à área do ministério”, relatou.
O general contou ainda que telefonou para Salles para discutir sobre o assunto. “Já avisei para ele, mas o ministro é ministro do presidente Bolsonaro. Qualquer medida em relação a ele é do presidente Bolsonaro, não é minha. Foi precipitado isso aí. Vamos esperar que ele reflita aí e chegue a conclusão que não foi a melhor linha de ação a que ele tomou e criou um caso aí que não era para ser criado. Ele tem que entender que não agiu da melhor forma”, declarou.
Mourão reforçou que as operações na Amazônia continuam. “Continua a operação, não está parada. O que o ministro viu foi uma planilha de planejamento que é da SOF. No SIAFI que é o sistema onde você realmente bloqueia o recurso está em aberto, não está bloqueado. Então é precipitação”, apontou.
Questionado se a nota soava como um pedido de demissão por parte de Salles ao expor os nomes de integrantes do governo, Mourão se limitou a dizer que a nota repercutiu de forma negativa.
“Não vou levar aí para esse teu lado (soa como é um pedido de demissão?) porque mais uma vez o ministro Ricardo Salles é escolhido pelo presidente bolsonaro. Então não compete a mim. O que estou colocando é que foi divulgada uma nota que repercutiu de forma negativa principalmente em um momento que a gente sabe que tem que estar combatente essas ilegalidades então estou colocando que não é essa a realidade que vai ocorrer”.
Por fim, Mourão explicou que o principal recurso da Operação Verde Brasil vem do Ministério da Defesa. “Esse recurso ele é para que os agentes do Ibama e ICMBio estejam em campo, pagam os brigadistas ali de combate às queimadas e isso não vai ser retirado. Isso é remanejamento que o governo está buscando fazer , está tirando dinheiro da defesa, de outros lugares”, concluiu.
Procurada pela reportagem do Correio, a Casa Civil e a Secretaria de Governo não se posicionaram até a publicação desta edição.
Bloqueio financeiro
Em nota no final da tarde desta sexta-feira (28/08), o Ministério do Meio Ambiente informou que por conta do bloqueio financeiro efetivado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) no valor de R$ 20.972.195,00 em verbas do IBAMA e R$ 39.787.964,00 em verbas do ICMBio, as operações seriam interrompidas a partir de segunda-feira (31/08) todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia Legal, bem como todas as operações de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do país.
“Segundo informado ao MMA pelo Secretário Esteves Colnago do Ministério da Economia, o bloqueio atual de cerca de R$ 60 milhões de reais para Ibama e IcmBio foi decidido pela Secretaria de Governo/Segov e pela Casa Civil da Presidência da República e vem a se somar à redução de outros R$ 120 milhões já previstos como corte do orçamento na área de meio ambiente para o exercício de 2021”, diz um trecho da nota.
Ainda segundo o Ministério do Meio Ambiente, as operações afetadas compreenderiam, no âmbito do combate às queimadas no Ibama, a desmobilização de 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes, 10 caminhões e 4 helicópteros. Já nas atividades do Ibama relativas ao combate ao desmatamento ilegal seriam desmobilizados 77 fiscais, 48 viaturas e 2 helicópteros.
No IcmBio, nas operações de combate ao desmatamento ilegal seriam desmobilizados 324 fiscais, além de 459 brigadistas e 10 aeronaves Air Tractor que atuam no combate às queimadas.
Correio Braziliense