Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro apresentou mais duas denúncias envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-chefe da Casa Civil Régis Fichtner e o empresário Georges Sadala. Também foram alvo das duas denúncias Luiz Carlos Bezerra e Wilson Carlos, que, segundo o MPF,m eram os operadores da organização.
Os procuradores afirmam que Fichtner recebeu cerca de R$ 1,5 milhão, entre 2007 e 2014, sendo uma das fontes a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor). As denúncias foram apresentadas à Justiça Federal na última terça-feira (19) e divulgadas nesta quinta-feira (21).
“No período compreendido entre janeiro de 2007 e abril de 2014, por pelo menos 20 vezes, reveladas por aportes de valores em espécie a título de um total de R$ 1.560.000,00, Régis Fichtner, de modo consciente e voluntário, solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida em razão do exercício da chefia da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, angariada e distribuída pela organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral, sob orientação e anuência deste, cuja entrega era feita por Luiz Carlos Bezerra”, dizem os procuradores na denúncia.
Segundo eles, Fichtner foi a pessoa estrategicamente colocada na chefia da Casa Civil para garantir os arranjos jurídicos necessários para viabilizar os planos de governo de Cabral, “sempre acompanhados do recebimento de vultosas quantias de vantagens indevidas para beneficiar fornecedores do Estado do Rio de Janeiro”. Nesta denúncia, Cabral, Bezerra e Wilson Carlos são acusados de corrupção passiva.
Em outra denúncia feita pelo MPF, o empresário Georges Sadala é acusado por corrupção ativa e participação em organização criminosa. Cabral, Wilson Carlos e Bezerra são denunciados por corrupção passiva. Sadala controlava os serviços Rio Poupa Tempo, pelos quais recebeu cerca de R$ 32 milhões, tendo repassado de propina ao grupo de Cabral, segundo o MPF, cerca de R$ 1,3 milhão. Os procuradores também pedem que ele e os demais denunciados devolvam aos cofres públicos a quantia de R$ 34,7 milhões.
A defesa de Fichtner disse que são falsas todas as acusações dirigidas contra ele e que os advogados se manifestarão sobre a denúncia quando tiverem obtido acesso a seu conteúdo.
A Fetranspor afirmou desconhecer o teor de uma delação que refere-se a fatos supostamente ocorridos antes da posse de novo corpo administrativo. “A Fetranspor vem desenvolvendo uma profunda reestruturação, que incluiu a destituição do antigo conselho e o estabelecimento de uma rígida política de compliance. A Federação permanece à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários às investigações.”
Os advogados dos demais acusados não foram localizadas pela reportagem para comentar a denúncia.