O líder do PT no Senado, Humberto Costa, disse hoje que as mulheres serão as principais “vítimas” pela Reforma da Previdência proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). Pela nova regra, as mulheres vão perder o direito de se aposentar mais cedo e terão que trabalhar 49 anos para garantir a aposentadoria integral. Atualmente, as mulheres podem se aposentar com 30 anos de contribuição ou ao completar a idade mínima de 60 anos, enquanto que os homens precisam contribuir 35 anos ou ter 65 anos.
“Este é um governo que tem como sua marca o machismo. É uma gestão que tem regredido em todo o tipo de política pública que assegure o direito das mulheres e a justiça social. Basta dizer que estamos falando de um presidente que não nomeou uma mulher sequer para o seu ministério, que extinguiu a Secretaria Especial da Mulher”, afirmou.
O senador ainda lembrou dados do IBGE que, em pesquisa divulgada esse ano, revela que as mulheres trabalham, em média, cinco horas a mais por dia, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. “Muitas vezes, a mulher tem jornada de trabalho dupla ou tripla para cuidar da casa, dos filhos. Isso, sem falar das próprias desigualdades dentro do mercado de trabalho, onde a gente sabe que ainda há muita distorção. São inúmeros os casos de mulheres que ocupam os mesmos cargos que os homens, mas ganham menos”, assinalou.
Humberto também rebateu as polêmicas declarações do secretário de governo, Marcelo Caetano, um dos principais formuladores da Reforma da Previdência, que disse em entrevista que as ‘Mulheres custam mais à Previdência porque vivem mais’. “Essa é mais uma prova da misoginia desse governo. Ele foi capaz de insinuar que as mulheres são um problema para a Previdência. Isso é um absurdo. Fico pensando se esse rapaz não tem mulheres na família dele, se nenhuma delas já se aposentou. Parece-me que não”, retrucou Humberto.
Para o senador, apenas com a mobilização da sociedade a Reforma da Previdência poderá ser barrada. “Agora, mais do que nunca, é ir para a rua. Esse governo é um eterno ‘balança, mas não cai’. Por isso, temos que sacudir ainda mais para que projetos como esse, que prejudicam as mulheres, os mais pobres e a classe média não saiam do papel”, defendeu.