Municípios do interior implantam APP e entram no conceito de cidades inteligentes

Nos últimos anos, o crescimento das cidades brasileiras vem acompanhado da preocupação com a segurança dos habitantes. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), entre 2011 e 2015, a violência no país matou mais pessoas que a Guerra da Síria.

Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2015, o Brasil teve um total de 278.839 assassinatos (uma média mensal de 4.647,3 vítimas) decorrentes de homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte e mortes oriundas de ações policiais. Já na Síria, segundo estimativa da Agência da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), entre março de 2011 e novembro de 2015, foram 256.124 mortes causadas pela guerra (média de 4.493,4 mortes por mês).

Em um cenário como este, o convênio entre órgãos públicos e privados para combater a violência torna-se fundamental. E, neste contexto, a tecnologia é uma importante ferramenta para o monitoramento urbano. “É o que chamamos de cidades inteligentes. Trata-se de um conceito que conta com sistemas tecnológicos capazes de dar mais agilidade aos processos e maior segurança aos cidadãos”, explica o sócio-fundadorda Mooh Tech, Everton Cruz.

E foi justamente com este objetivo que a empresa pernambucana Mooh Tech, lançou em Belo Jardim, município do Agreste de Pernambuco, o aplicativo Sempre Alerta. A ferramenta funciona como um chat entre o usuário e uma central de atendimento, que, por sua vez, é controlada pelo órgão responsável pela segurança na cidade ou região. “Instantaneamente, esta central recebe o alerta, que pode ser realizado por mensagens de texto, imagens ou vídeo, semelhante a outros aplicativos de trocas de mensagens. Ela o repassa às unidades destacadas que, por sua vez, devem averiguar a ocorrência. O feedback é dado em tempo real aos usuários, cuja localização é feita de forma imediata via GPS do aparelho”, explica o cofundador da Mooh Tech, Henrique Mafra.

EXPANSÃO

Mafra conta que, por enquanto, o Sempre Alerta está disponível em Belo Jardim, Pesqueira, Lajedo, Sanharó, Poção e Capoeiras, todas no interior pernambucano. Além disso, a empresa está em negociação para firmar uma parceria com o Governo de Pernambuco para, no prazo de três anos, implementar a ferramenta em todas as cidades do estado. “Em breve, pretendemos expandir nossa atuação para os estados de Alagoas, Bahia e Paraíba. Posteriormente, também temos planos de chegar a outras regiões do país”, revela.

O motivo de lançar o aplicativo em cidades do interior não foi por acaso. “Fizemos o caminho inverso de muitas empresas e começamos pelo interior, pois podemos sentir os resultados efetivamente, por meio do contato com os usuários. Se iniciássemos por grandes centros (capitais), este contato se perderia e identificaríamos os problemas ou o sucesso por meio de pesquisas nada pessoal”, explica Cruz. “E isto vem da nossa política de interiorizar oportunidades. Acreditamos que, ao levá-las para cidades menores, contribuiremos para a democratização e empoderamento da sociedade”, complementa.

Desde agosto deste ano, já foram realizados, aproximadamente, dez mil downloads da ferramenta e os resultados já começaram a aparecer. “Já foram abertos pouco mais de 800 casos, uma ocorrência de estupro está sob investigação (corre em segredo de justiça por se tratar de uma menor de idade), foram evitadas cinco tentativas de assalto e foram recuperados cerca de 200 aparelhos celulares”, informa Cruz.

Ainda de acordo com o idealizador do Sempre Alerta, o objetivo é fazer de Pernambuco uma referência nacional em segurança. “A tecnologia está redefinindo a infraestrutura das chamadas ‘cidades seguras’, cujos avanços tecnológicos estão transformando as relações entre a sociedade e os responsáveis pela segurança em todo o mundo e, assim, ajudando a modificar a forma como o policiamento é realizado. Não é suficiente pensar ou sentir, é necessário fazer. E integração é a palavra-chave para o desenvolvimento deste pensamento”, finaliza Everton Cruz.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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