“Não estamos preocupados com nomes, mas com projeto”

Por WAGNER GIL
Do Jornal VANGUARDA

VANGUARDA traz uma entrevista com Djalma Cintra Júnior, um dos nomes mais cotados do PSDB para disputar a Prefeitura de Caruaru em 2016. Com 51 anos, o empresário faz uma análise da atual conjunta política, dos governos Dilma Rousseff (PT), Paulo Câmara (PSB) e José Queiroz (PDT) e ainda comenta sobre a saída da Sulanca do Parque 18 de Maio. Esta semana, inclusive, os tucanos apresentaram um modelo que poderia ser adotado para transferir os feirantes. Irmão do senador Douglas Cintra (PTB), principal aliado da presidente Dilma na Capital do Agreste, ele diz que as posições políticas não interferem no relacionamento familiar. “Nos damos bem”, conta. Leia abaixo:

Jornal VANGUARDA – Como analisa a sucessão de 2016? O senhor é o nome do PSDB?
Djalma Cintra Júnior – Nossa preocupação não é fazer uma análise da conjuntura da eleição, e sim construir uma proposta para Caruaru. Com essa proposta, será apresentado um candidato que não foi escolhido ainda. Nós queremos discutir o que precisa ser feito pela cidade com a sociedade.

JV – Mas há um comentário sobre seu nome dentro dos quadros do PSDB. Isso já saiu várias vezes na mídia.
DCJ – Eu realmente tenho escutado e vejo comentários de pessoas próximas e na mídia. No partido não existe discussão sobre nomes. Quando esse projeto for executado, discutiremos nomes e essa pessoa caberá ou não aceitar a indicação.

JV- Quem é o PSDB hoje? O partido passou muito tempo no ostracismo e, mesmo com grande força nacional, não tem representação destacada na cidade.
DCJ – Recentemente, o partido ganhou uma grande quantidade de filiados. Eu, Manoel Santos (ex-presidente do Sindloja), Jackson Carvalho (publicitário), capitão Evandro. Nosso objetivo é fortalecer o partido com uma representação forte na eleição proporcional, já que o PSDB não tem hoje nenhum vereador na Câmara. Estamos fazendo um trabalho de conscientização desses possíveis candidatos. Eles, quando forem eleitos, devem estar comprometidos com o projeto do partido, não com projetos pessoais. Não vão poder votar projetos em troca de cargos.

JV – Recentemente, o PSDB entregou uma proposta para a transferência da Feira da Sulanca. Isso já seria uma oposição ao governo José Queiroz?
DCJ – Não diria oposição, mas uma proposta na qual entendemos que contempla de forma mais coerente as necessidades dos diversos tipos de sulanqueiros. A proposta do PSDB dá oportunidade a quem não tem nada de poder começar um negócio na cidade. Criaríamos também uma área coberta para abrigar lojas e outra para o feirante que não pode comprar um boxe. O modelo de negócio que estamos propondo é diferente. A forma do projeto atual está errada. No nosso modelo, o controle da feira fica com a prefeitura. Teríamos a criação de uma autarquia e aí, nesse caso, poderia haver uma eleição para presidente desse órgão. O custo ficaria muito mais barato e o processo, mais transparente. No nosso projeto, as coisas ficam muito mais claras.

JV – Quais as principais dificuldades de Caruaru na área de infraestrutura e as prioridades num eventual governo tucano?
DCJ – O que o PSDB entende como mais importante para Caruaru e o país é a gestão. As pessoas não têm a real dimensão de que dinheiro público é dinheiro nosso. A gestão precisa ser mais eficiente. Você não pode sobrecarregar a máquina com cargos em troca de favores eleitorais. A quantidade de cargos comissionados precisa diminuir. Em Caruaru, por exemplo, são 19 secretários. A pergunta é: precisa de tudo isso? Na nossa opinião, não.

JV – Como o PSDB pretende se comportar em relação à gestão de José Queiroz? O prefeito está na Frente Popular de Pernambuco, assim como os tucanos.
DCJ – O PSDB não está nascendo em Caruaru dentro da atual gestão. Nossa intenção não é bater no prefeito nem nos outros candidatos. Nosso objetivo é apresentar propostas e construir uma agenda de discussões em bairros. Coletar necessidade e elaborar programa de governo junto à comunidade.

JV- E em relação ao seu irmão, o senador Douglas Cintra (PTB)? Ele está na base do governo Dilma e o senhor, no principal partido de oposição. Existe ‘briga’ em casa?
DCJ – Faz tempo que estamos em lados opostos, mas não existe briga. Não pesa nada. Estou trabalhando como voluntário em um projeto. Um projeto a favor da cidade.

JV – Existe a possibilidade de Douglas Cintra ser um dos candidatos a prefeito. O senhor bateria chapa com ele?
DCJ – Nesse aspecto, não vou falar nada. Nós vamos manter a ideia original. Construir uma proposta para Caruaru e lá na frente, se o meu nome for escolhido, terei a prerrogativa de aceitar ou não. Mas repito: não existe essa ideia dentro do partido (escolher nomes). Também não temos a preocupação de quem serão os adversários.

JV – Como o senhor enxerga a relação prefeitura-Câmara e como seria num eventual governo do PSDB?
DJC – Essa relação tem que mudar e não é uma crítica ao prefeito (José Queiroz). Falo em relação ao Brasil. Os gestores precisam ter coragem de fazer essa relação de forma diferente.

JV- Como o senhor avalia o governo Dilma?
DCJ – Uma tragédia. Não é um acidente de percurso. Todo problema que estamos atravessando é fruto do governo anterior. A diferença é que Lula conseguiu manter o rumo da economia.

JV- E a administração de Paulo Câmara?
DCJ – Nossa avaliação é positiva, dentro do que pode ser feito até agora. Paulo Câmara tem a vantagem da humildade, sabe ouvir e reconhece o momento de dificuldade. Está aí para trabalhar e acredito que vai fazer um bom governo.

JV- Que nota o senhor daria ao governo José Queiroz?
DCJ – Não vou dar nota. Vamos trabalhar em um projeto e em alguns pontos, como o da Feira da Sulanca. É claro que vão acontecer diferenças. Uma delas está no número de secretarias. No governo do PSDB, isso vai ser resumido.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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