O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se defendeu, nesta segunda-feira (18), das críticas que tem recebido de colegas da comissão sobre o vazamento de partes do relatório final das investigações. O parlamentar também é criticado ao ter proposto o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por 11 crimes durante a pandemia do novo coronavírus. Perguntado por jornalistas se pretende alterar a relação de delitos atribuídos ao chefe do governo, ele negou.
“Eu, por enquanto, não estou admitindo retirar nada. A maioria retirará o que quiser; apenas a maioria. Da minha parte, eu ainda tenho algumas coisas a acrescentar. Hoje mesmo, o senador Randolfe Rodrigues (vice-presidente da CPI) pediu a continuidade da investigação com relação ao ministro da Economia (Paulo Guedes). Da minha parte, eu concordo, mas vamos submeter isso à maioria”, disse Calheiros.
O vazamento de trechos do relatório final para a imprensa provocou uma crise dentro do chamado G7, grupo majoritário da CPI e que reúne senadores independentes e de oposição. O problema levou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), a adiar a leitura do relatório final, anteriormente marcada para esta terça-feira (19), para a quarta-feira (20). A votação do documento pelo colegiado também foi adiado, para a próxima semana.
Aos jornalistas, Calheiros procurou minimizar o vazamento de trechos do relatório. “Nós tivemos vazamento de umas minutas, foram minutas apenas, que expressam um pouco o meu ponto de vista, eu os defenderei a partir das provas colhidas, dos depoimentos, mas há a disposição de todas as partes é com relação à construção de uma convergência”, disse o relator.
O parlamentar também mandou uma indireta para Aziz, que, nos últimos dias, disse, em entrevistas à imprensa, que precisa “ser convencido” de que Bolsonaro cometeu genocídio contra a população indígena na pandemia. Esse é um dos vários crimes que, segundo o presidente do colegiado, não deveriam estar no relatório final da comissão.
Sobre essas críticas, o relator afirmou que só tomou conhecimento de discordâncias em relação ao relatório por meio da imprensa. “Eu estou aguardando que as pessoas me procurem para conversar”, afirmou Calheiros. “Não houve nenhum pedido de emendamento do relatório. Eu ainda não ouvi de ninguém nenhuma divergência em relação a nada. Essas posições que a proposta do relatório contém elas são públicas, a investigação é pública, se fez com transmissão com meios de comunicação, com acompanhamento de internautas. Tudo o que aqui se investigou, se publicou”.