No último mês de julho, a Nestlé Brasil encerrou a produção de leite em pó em sua fábrica em Garanhuns, Agreste de Pernambuco, transferindo-a para a unidade de Ibiá, em Minas Gerais. O encerramento ocorre apenas dois anos depois do início da operação, anunciada como envase do leite em pó da marca Ninho em sachê e cujo investimento inicial foi de R$ 5 milhões. A transferência da linha de produção, no entanto, não chega a impactar a bacia leiteira do estado.
Quando anunciado, o projeto previa capacidade instalada total de 10 mil toneladas por ano que deveria ser alcançada gradativamente ao longo de quatro anos, atendendo principalmente a região Nordeste. Por nota, a Nestlé Brasil explicou ao Diario que a “decisão foi tomada com foco na sustentabilidade dos negócios e na manutenção de competitividade da empresa no mercado” e que 59 funcionários foram demitidos com o encerramento.
A Nestlé continua operando em Garanhuns por meio da Dairy Partners Americas (DPA), joint venture com a neozelandesa Fonterra, na produção de lácteos refrigerados como Chamyto, Ninho, Chandelle e Chambinho. Segundo o comunicado, desde que começou a operar na unidade do Agreste do estado, a DPA/Nestlé já investiu mais de R$ 35 milhões e emprega em torno de 230 pessoas no local. A Nestlé Brasil tem outras duas unidades na região Nordeste, ambas no estado da Bahia.
Bacia
A operação da Nestlé em Pernambuco consome em torno de 3% da produção diária de leite do estado e o encerramento da linha do Ninho não terá impacto significativo, uma vez que outros lácteos segue sendo fabricados na unidade. A demanda não será alterada, em segue com média de 60 mil litros por dia.
No entanto, de acordo com o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Pernambuco (Sindileite-PE), se o projeto tivesse seguido como planejado, para produção do leite em pó seriam necessários em torno de 500 mil litros de leite por dia.
As dificuldades causadas pela pandemia aos produtores da bacia leiteria de Pernambuco estão sendo resolvidas, segundo o Sindileite. Os problemas logísiticos e para entrega dos produtos em alguns municípios foram resolvidos. Agora, o setor lida com a alta do preço de grãos usados na alimentação do gado leiteiro, o que encarece o preço do produto final.
Segundo o presidente do Sindileite-PE, Alex Costa, a saca da soja, comprada a R$ 75, passou a custar R$ 120. “Isso impacta na lucratividade. A soja é um bom percentual da ração da vaca de leite, assim como o milho”, afirmou. O litro do leite, comercializado do produtor para a indústria, antes das altas, custava em torno de R$ 1,10 o litro. Hoje, segundo Costa, gira em torno de R$ 1,45 a R$ 1,60.
Diario de Pernambuco