Congresso em Foco
Escolhido pelo presidente Michel Temer (PMDB), Fernando Segóvia tomou posse do cargo de diretor-geral da Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (20). Em evento realizado no Ministério da Justiça, que também contou com a presença de Temer e de seu antecessor Leandro Daiello, Segóvia prometeu tratar o combate à corrupção como prioridade em sua gestão.
“Buscaremos o combate incansável à corrupção no Brasil, que continuará a ser agenda prioritária na Polícia Federal”, afirmou. Ao mencionar o combate à corrupção, Segóvia citou operações em curso como as operações Lava Jato, Cui Bono, Lama Asfáltica e Cadeia Velha.
O novo diretor-geral da PF pregou união e trabalho em equipe da categoria. Ele também pediu união para trabalhar com o Ministério Público Federal (MPF), órgão que por vezes entra em embate com a PF. De acordo com ele, há “uma triste disputa” entre a PF e o Ministério Público Federal, mas que conta com a maturidade dessas instituições para encerrá-la.
Formado em direito pela Universidade de Brasília UnB), Segóvia está há 22 anos na Polícia Federal. Foi superintendente regional da PF no Maranhão, base política do ex-presidente da República José Sarney, e adido policial na África do Sul. Em boa parte de sua carreira, exerceu funções de inteligência nas fronteiras do Brasil.
Daiello estava no comando da PF desde 2011 , nomeado na gestão do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e já havia manifestado interesse em deixar o cargo. Ele foi o o diretor-geral mais longevo desde a redemocratização (1985) e estava à frente das operações da Lava Jato desde o início das investigações, cujas primeiras ações foram deflagradas em março de 2014.
Em seu discurso de despedida, desejou “sucesso e êxito” a Segóvia e afirmou que, apesar de estar se aposentando, estará sempre pronto “a ajudar e trabalhar em conjunto na Polícia Federal”. Daiello agradeceu empenho e trabalho dos colegas policiais e citou que maior patrimônio da PF são seus servidores. Sua aposentadoria saiu no Diário Oficial da União desta segunda-feira (20).
Articulações
Alvos da Operação Lava Jato, Temer é apontado pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o chefe do “Quadrilhão do PMDB”, em denúncia realizada em setembro deste ano ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ao lado dele, também são acusados o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os ex-ministros Henrique Alves (PMDB-RN) e Geddel Vieira Lima (PMDB) – ambos presos na Operação Lava Jato. Além deles, seus atuais ministros Eliseu Padilha, Casa Civil, e Moreira Franco, Secretaria-Geral da Presidência, foram denunciados por organização criminosa e obstrução de Justiça.
Sarney também era um dos alvos da Operação Lava Jato, denunciado por obstrução de Justiça, ao lado dos senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR). No entanto, em outubro o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, arquivou o inquérito O ex-presidente ajudou Temer na escolha do novo diretor.
Esse fato suscitou a hipótese de que, com a troca de Daiello, Temer e demais políticos investigados passariam a procurar alguém de perfil moderado para a função. A substituição foi bem recebida pela cúpula do Palácio do Planalto, repleta de investigados.
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, apesar de ter assumido o posto com declarações que apontavam para uma mudança na PF, não participou do processo de escolha e apenas foi comunicado da decisão um dia antes de a indicação ser oficializada pelo presidente.