Novo encontro de retribuição entre Lula, Renata e Paulo

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Por Renata Bezerra de Melo

O senador Humberto Costa e o ex-prefeito do Recife, João Paulo – incluídos na ala dos petistas que não oferecem objeções a uma aliança entre PT e PSB em Pernambuco – vinham batendo na tecla de que qualquer decisão sobre assunto deve ser tomada pela esfera nacional do PT, segundo resolução da sigla. Ontem, Paulo Câmara embarcou para São Paulo para uma agenda única: ter um encontro com Lula, no instituto que leva o nome do ex-presidente. Além do líder-mor do PT, a reunião contou com a presença da presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro Fernando Haddad, um dos nomes ventilados para, eventualmente, substituir Lula na corrida presidencial. Em outras palavras, deu-se uma conversa entre os comandos nacionais das duas siglas. Paulo Câmara é vice-presidente nacional do PSB. Um componente afetivo entra na conta, através da participação da ex-primeira-dama, Renata Campos, e do herdeiro, João Campos. A família tem uma relação de afetividade com Lula, que tratava Eduardo Campos como filho antes do rompimento entre as duas siglas em 2013. Esse fator cai como um aditivo a mais no diálogo entre Lula e Paulo. Renata é ouvida nacionalmente no partido e foi à casa dela que Lula fez uma visita, ainda em agosto, também em caráter de retribuição.

O ex-presidente cumpria caravana no Estado, quando dirigiu-se à casa de Renata para retribuir a visita que ela fez, quando a ex-primeira-dama, Marisa Letícia, esteve internada. Ontem, Paulo Câmara, em suas redes sociais, definiu sua visita, em São Paulo, também como “retribuição à visita que Lula fez à casa de Renata, em agosto do ano passado, e à recente entrevista dada pelo ex-Presidente ao Programa de Geraldo Freire”. Paulo, segundo interlocutores, já havia telefonado para Lula para agradecer as portas abertas na entrevista. De retribuição em retribuição, PT e PSB vão se reencontrando e, se era a decisão da nacional que faltava, ela parece estar no radar.

Recados da nacional
No PT, houve quem lembrasse, ontem, que, em 2012, quando a direção nacional interviu no Recife, anulando as prévias, não havia resolução definindo que a última palavra caberia à nacional. “Interviram porque tinham poder. Agora, foi delegado pelo Congresso que é da direção nacional esse poder”, compara um petista em reserva.

WhatsApp > Após o encontro entre Paulo e Lula, ontem, deram-se reações negativas nos grupos de WhatsApp do PT. Houve quem visse a direção nacional passando por cima de lideranças do Estado.

Sem entrar no mérito > Ainda ontem, depois que Lula recebera Paulo, o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, conversou com Gleisi Hoffmann ao telefone. A conversa, segundo ela narrou, foi pautada pelas memórias pessoais, pelo quadro nacional e pela questão da Frente Ampla, cujo manifesto vai ser lançado no próximo dia 20 e reúne PSOL, PT, PDT, PCdoB e PSB.

Passo a passo > Paulo Câmara ligou para Lula para agradecer a entrevista, na qual o petista, no último dia 6, abriu as portas para uma aliança com o PSB no Estado. De lá para cá, Jarbas Vasconcelos, à coluna, definiu João Paulo como um nome com “todas as condições eleitorais e políticas” de estar na chapa da Frente Popular. João Paulo, então, enalteceu parcerias com Jarbas.

Solidão > Ainda na semana passada, após Lula convidar o PT a pensar se quer disputar eleição sozinho, deixando o ar a inclinação por uma aliança com o PSB, Bruno Ribeiro, fizera a seguinte reflexão: “Na política, como na nossa vida pessoal, você não pode ter a solidão como objetivo, mas tem de estar preparado para ficar só”.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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