O novo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, prometeu publicar em 45 dias um levantamento completo dos investimentos da instituição que se concentraram em um grupo de empresas, incluindo os empréstimos à empresa JBS. Ponderou, no entanto, que é necessário separar as condutas e preservar as empresas e os seus empregados. Ele foi empossado na quinta-feira (1º), na sede do banco, no centro do Rio.
“As empresas brasileiras, mesmo as maiores empresas, que eu saiba, continuam fortes e continuam, se possível, financeiramente estáveis, e nós temos que preservar essas centenas de milhares de empregos. Esses empresários que vão tomar champanhe em Nova York, esses, sim, temos que, se possível, tirar o champanhe da mão deles”, indicou antes de tomar posse. A cerimônia teve a presença dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira.
Paulo Rabello acrescentou que, juntamente à recuperação das empresas, deve ser feito, se possível, o afastamento dos controladores “que, com recursos públicos, fizeram a lambança que fizeram”. Durante a cerimônia de posse, o presidente fez comentários bem-humorados e homenageou a mãe, que, segundo ele, é um exemplo do impacto da longevidade crescente no país para o déficit da Previdência. “Ela personifica esse déficit e é um alerta muito grande para todos nós. É a minha mãe, a professora Geralda Rabello de Castro, de quase 99 anos de idade”, disse, entregando em seguida uma orquídea para ela.
Novos financiamentos
Sobre o ritmo de liberação de financiamentos do BNDES, disse que depende da demanda de empresários por novos projetos de financiamento, o que, segundo ele, tem sido baixa. “A grande queda dos desembolsos do BNDES ocorre no dia seguinte ao segundo turno das eleições de 2014 e praticamente se estabiliza lá para junho ou julho do ano passado, quando entra Maria Sílvia. Portanto, a alegação de queda brusca de desembolsos do BNDES está na conta da administração passada”, afirmou.
Acrescentou que a demanda vai aumentar com a reversão das expectativas que surgirá com a divulgação de melhores perspectivas e de resultados positivos da economia, além de aprovação de reformas no Congresso Nacional. “Depende de uma superação psicológica e psicanalítica nossa envolvendo, para começar, as difíceis camadas políticas da nação, que muito têm atrapalhado a nação e, finalmente, indo para uma perda de sonho que tem ocorrido nas camadas empresariais da nação. Na hora que superarmos estes fatores, que vamos depender de Freud, muito mais do que de algum economista, nós vamos ter a demanda de volta, a procura dos investimentos”, apontou.
O presidente do BNDES destacou ainda que o crescimento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB), no primeiro trimestre de 2017, em comparação aos últimos três meses de 2016, e o que está ocorrendo na economia neste segundo trimestre de 2017, demonstram que o país já está diante de um início de recuperação de demanda.
Poucas mudanças
Rabello de Castro disse que se reuniu esta semana com a ex-presidente do banco, Maria Sílvia Bastos Marques, e pelo que ouviu das atividades da instituição, serão pequenas as alterações que fará. “Muito pouca coisa eu vou conseguir fazer diferente. Maria Sílvia fez um trabalho espetacular e se nós, de certa forma, ajustarmos a qualificação do trabalho dela, pelo pouco tempo que teve, diria que o trabalho é para lá de excelente”, disse.
O novo dirigente do BNDES reafirmou que vai manter a diretoria formada pela ex-presidente. “Apenas vamos trazer, quem sabe, o reforço de um ou dois gandulas para nos ajudar em tarefas colaterais, especialmente, em Brasília, porque já que o Congresso nos brindou com duas CPIs [uma CPI no Senado e uma CPMI, que funciona nas duas Casas do Congresso], e vou aproveitar para dar a conhecer o BNDES dentro do Congresso Nacional. Coisa que fiz com relação ao IBGE”, contou.