O dia mais sangrento dos últimos anos

Morto

Pedro Augusto

Diferentemente de 2015 e 2016, quando a marca negativa acabou sendo atingida somente a partir do mês de junho, em 2017, o 100º homicídio contabilizado em um mesmo ano na Capital do Agreste deverá ser registrado já no mês de maio. Isso porque, de acordo com o levantamento do Jornal VANGUARDA, até o fechamento desta matéria, 96 crimes de morte já haviam sido computados nestes primeiros quatro meses. Para se ter uma noção exata de como se encontra a violência em Caruaru, apenas na última quarta-feira (26), sete pessoas acabaram sendo assassinadas em pontos distintos das zonas urbana e rural.

Somente pela manhã, a polícia confirmou a morte de cinco pessoas. As ocorrências de um dos dias mais sangrentos da história da cidade começaram logo às 5h30 com o assassinato do policial militar José Ailton Pereira de Lima, o cabo Ailton Lima, de 48 anos. De acordo com informações repassadas por familiares, ele estava se dirigindo para a academia em sua motocicleta e na companhia da esposa, quando acabou sendo abordado por dois criminosos na Rua Projetada, no Loteamento Moura Brasil. Na tentativa de evitar o assalto, a vítima chegou ainda a argumentar com os executores, que tomaram o seu revólver e acabaram o atingido com um único disparo na cabeça.

Poucas horas depois, o jovem José Samuel Vieira dos Prazeres, o “Leandro”, de 19 anos, foi morto a tiros no Loteamento Hamilton Afonso, mais precisamente nas proximidades do Cemitério Parque dos Arcos. De acordo com informações repassadas por testemunhas, ele estava em casa, quando acabou sendo surpreendido com a chegada de dois criminosos que desceram de uma moto. Sem chances de defesa, Leandro foi impiedosamente executado com vários disparos em sua própria cama. Ao lado de seu corpo, o Instituto de Criminalística encontrou um simulacro de espingarda.
O terceiro homicídio confirmado na manhã sangrenta em Caruaru aconteceu na Rua Santa Ana, no Bairro José Carlos de Oliveira. Lá, a vítima da vez foi o autônomo Wênio Jonathan de Lima Moura, o “Ripa”, de 30 anos. Ele também foi morto a tiros. Ao lado de seu cadáver, a equipe do IC acabou encontrando o seu aparelho celular e a sua motocicleta. Pelas características do crime, a Civil está trabalhando com a hipótese de execução. A polícia está aguardando que novas informações sejam repassadas pelos moradores da comunidade para que possa chegar até os criminosos o mais rápido possível.

Ainda na manhã da quarta, o jovem Joseildo da Silva Santos, de 20 anos, foi assassinado a tiros nas proximidades do Caic, no Bairro João Mota. De acordo com informações repassadas por familiares, a vítima era usuária de entorpecentes e já havia sido presa por conta de tráfico. Atualmente, Joseildo estava trabalhando com a venda de mídias piratas e teria sido morto justamente no momento em que se dirigia para pegar mercadorias. A suspeita é de que o jovem tenha sido assassinado por causa de dívidas com drogas.

Para fechar o saldo alarmante do pequeno intervalo, o ex-presidiário Durval da Silva, o “Pisquê”, de 26 anos, foi morto a tiros por volta das 11h, na Rua Cônego Luiz Gonzaga, no Bairro do Vassoural. De acordo com informações repassadas pela Polícia Militar, ele estava retornando da Ceaca, onde comercializava verduras e legumes, quando foi assassinado no trajeto de volta para casa. Como se não bastasse as cinco mortes, ainda pela manhã, a polícia contabilizou mais três tentativas de homicídio. Elas ocorreram nos bairros José Carlos de Oliveira e na Vila do Aeroporto. As vítimas baleadas foram encaminhadas para o HRA e se encontram em estado grave.

Após o pequeno intervalo de paz durante a tarde, os crimes de morte voltaram a acontecer já no período da noite. Por volta das 21h, Allyson André Albuquerque Nunes, de 24 anos, e José Paulo Henrique Cavalcanti de Lima, de 20, foram executados na Rua Leonardo da Vinci, no Bairro José Liberato. Eles estavam em frente a uma lanchonete, quando acabaram sendo assassinados com vários disparos. Tanto Allyson quanto José Paulo costumavam ir até o estabelecimento quase todas as noites. Seus corpos, assim como das demais vítimas, foram encaminhados para o Instituto de Medicina Legal de Caruaru.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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