OMS alerta contra cigarro eletrônico e pede regulamentação severa

Os cigarros eletrônicos e produtos semelhantes são perigosos para a saúde e devem ser regulamentados para cortar pela raiz as táticas da indústria do tabaco para captar clientes – alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira (27).

“A nicotina é muito viciante, e os cigarros eletrônicos de nicotina são perigosos e devem ser mais bem regulamentados”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao publicar hoje um novo relatório sobre o combate ao tabagismo, realizado junto com a organização Bloomberg Philanthropies.

O relatório aponta que os fabricantes desses produtos, que não param de crescer, têm geralmente crianças e adolescentes como alvo principal, com uma variedade de milhares de aromas tentadores – o relatório enumera 16.000 diferentes – e de declarações tranquilizadoras.

Michael R. Bloomberg, o bilionário ex-prefeito de Nova York, que luta há muito tempo contra o tabagismo, denunciou as táticas das empresas de tabaco.

“À medida que as vendas de cigarros caem, as empresas de tabaco promovem agressivamente novos produtos, como os cigarros eletrônicos, ou os produtos de tabaco aquecido, e pressionam os governos para que limitem sua regulamentação”, denunciou.

“Seu objetivo é transformar uma nova geração em viciada em nicotina, e não podemos deixar que façam isso”, insistiu.

Produtos diversos e em evolução
O chefe da OMS pede que, nos países em que esses produtos não são proibidos, “os governos adotem medidas adequadas para proteger suas populações dos perigos dos inaladores eletrônicos de nicotina, para impedir que crianças, adolescentes e outros grupos vulneráveis tenham acesso a eles”.

O uso desses cigarros eletrônicos por parte dos menores de 20 anos preocupa a OMS, em especial, devido aos efeitos nefastos da nicotina no desenvolvimento do cérebro nesta faixa etária, ao perigo que certos ingredientes podem representar, mas também porque a agência considera que as crianças que usam esses dispositivos têm mais chances de se tornarem fumantes na vida adulta.

Regulamentar esta questão não é fácil, porém, porque “esses produtos são muito diversos e evoluem rápido”, alerta o diretor para a Promoção da Saúde na OMS, o médico Rüdiger Krech, acrescentando que “é uma das formas, pelas quais os fabricantes driblam e evitam as medidas de controle”.

A OMS recomenda que os governos adotem as medidas necessárias para impedir que os não-fumantes usem o cigarro eletrônico, sobretudo, por medo de que o ato de fumar socialmente volte a “ser normal”.

Segundo o relatório, 32 países proíbem a venda desses cigarros eletrônicos de nicotina, e 79 adotaram pelo menos uma medida para limitar seu uso, como a proibição da propaganda.

A OMS afirma, porém, que 84 países não contam com quaisquer medidas contra a proliferação deste tipo de produto.

A agência também destaca que os esforços para regulamentá-los não devem distrair a atenção da luta contra o tabaco.

Embora a proporção de fumantes tenha diminuído em muitos países, o crescimento da população faz o número total de fumantes continuar sendo “obstinadamente elevado”, destaca o relatório.

O tabagismo mata 8 milhões de pessoas por ano, das quais 1 milhão são fumantes passivos.

AFP

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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