ONU começa a avaliar patrimônio da humanidade a Paraty e Ilha Grande

O Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) vai decidir nesta semana se o centro histórico de Paraty, no sul fluminense, e reservas de Mata Atlântica da região da Baía da Ilha Grande constituem um patrimônio mundial da humanidade. O comitê fará a avaliação anual de candidaturas em Baku, capital do Azerbaijão, onde estará reunido entre 30 de junho e 10 de julho.

A discussão sobre as novas candidaturas está marcada para o dia 5 de julho e pode estender-se até o dia seguinte. Cada país só pode apresentar uma candidatura por ano e entre os candidatos estão o Santuário Bom Jesus do Monte (Portugal), Babilônia (Iraque) e a Cidade Submersa de Porto Real (Jamaica).

Um patrimônio da humanidade é um bem considerado de valor universal, independentemente da sua localização no planeta. O título é concedido pela Unesco após uma análise técnica. Atualmente, o país tem 21 locais que detém o título, como os centros históricos de Ouro Preto (MG), Olinda (PE) e Salvador (BA), o Plano Piloto de Brasília, o Parque Nacional do Iguaçu (PR) e o Cais do Valongo (RJ).

Ao todo, serão julgadas 36 candidaturas à inscrição na Lista de Patrimônio Mundial, o que inclui sítios naturais, sítios culturais e sítios mistos, que é o caso da candidatura de Paraty. Estão incluídos na candidatura da cidade fluminense o centro histórico da cidade, o Parque Nacional da Serra da Bocaína, a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu e o Parque Estadual da Ilha Grande, no município de Angra dos Reis.

Segunda tentativa

Esta é a segunda vez que o Brasil apresenta a candidatura de Paraty a patrimônio da humanidade. Em 2009, ao chegar na última etapa da avaliação, a candidatura foi rejeitada. A orientação dada foi reconfigurar a inscrição, com mais elementos, o que levou dez anos para ser concluído.

O comitê também vai avaliar o estado de conservação de 166 sítios já inscritos na lista, incluindo 54 que se encontram na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo. Serão examinadas cinco indicações a novos sítios em perigo e duas indicações à retirada da lista de patrimônio incluído – entre elas está a Igreja de Natividade, considerada pelos cristãos o local do nascimento de Jesus.

Otimismo

Representantes de Paraty e de Angra dos Reis viajaram ao Azerbaijão para acompanharem a discussão. A secretária de Cultura de Paraty, Cristina Maseda, participou da construção da candidatura e se considera otimista. “Será um marco para Paraty e o primeiro sítio misto do Brasil”, torce. Ela destaca que a candidatura também considera a cultura das comunidades caiçaras, indígenas e quilombolas que habitam as áreas preservadas e reforçará os argumentos para sua permanência no território. “A candidatura traz toda uma valorização dos fazeres e dos saberes das comunidades tradicionais que vivem nessas reservas.”

Cristina também acredita que o reconhecimento da Unesco vai trazer maior engajamento do poder público e investimentos para a preservação e a gestão compartilhada desse território com o governo do estado e o governo federal.

Delegação
Além da secretária de Cultura, viajaram para o Azerbaijão o prefeito em exercício, o secretário de Governo e o secretário de Meio Ambiente de Paraty. Angra dos Reis enviou o prefeito, Fernando Jordão, o secretário de Desenvolvimento Econômico e o presidente da Fundação de Meio Ambiente do município.

Jordão acredita que Angra dos Reis terá um impulso em sua atratividade turística se suas reservas forem consideradas patrimônios mundiais. “É um selo de referência e de proteção. Será muito importante para o desenvolvimento”, acredita. “Isso vai nos ajudar a conseguir financiamento e ter todo um cinturão de proteção a essas reservas.”

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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