Operações digitais e gestão de resíduos são tendências pós-crise no setor da construção

A pandemia do novo Coronavírus tem impactado milhares de pequenos e médios negócios em todo o país. O setor de Casa e Construção, em especial, que não teve suas atividades suspensas, tem apresentado uma série de novas tendências no seu modelo de funcionamento. A virtualização de diversos processos através de aplicativos de comunicação, obras mais enxutas e a gestão sustentável dos resíduos são práticas que vieram para ficar.

Outra novidade que despontou no setor de Casa e Construção é a aplicação de uma tecnologia que acompanha, descreve, direciona e racionaliza todos os passos de um projeto. Com o Building Information Modeling (BIM) ou modelagem da informação na construção, uma obra antes de ser realizada é radiografada virtualmente, possibilitando a interação dos diversos profissionais envolvidos no projeto: engenheiros, arquitetos, fornecedores de materiais, gestores ambientais, dentre outros. O analista de Competitividade do Sebrae, Enio Queijada de Souza, avalia que essas práticas continuarão sendo adotadas mesmo quando a crise passar.

“São iniciativas que tornam as obras mais dinâmicas e ágeis. Sem dúvida, elas serão absorvidas daqui para frente. Mesmo com todas as dificuldades que a economia enfrenta, é gratificante ver como os pequenos e médios empreendedores podem se reinventar. Essa inserção no mundo digital, por um setor conhecido tradicionalmente como resistente às mudanças, é um avanço que vai possibilitar que os prestadores de serviços alcancem voos maiores e possam retomar o crescimento. A presença no ambiente online é o novo normal para a construção civil”, avalia Souza.

Números

Dados da Receita Federal do Brasil revelam a existência de 1,37 milhão de empresas no setor da construção. Em termos gerais, isso representa cerca de 7,1% das empresas brasileiras. Destas, 936 mil são microempreendedores individuais (68% do total) com destaque para as obras de alvenaria (pedreiros e auxiliares – 432 mil cadastrados), 186 mil eletricistas e 136 mil pintores.

As microempresas são cerca de 320 mil (23,4% do total), sendo 107 mil construtoras, com faturamento anual até R$ 360 mil. Já as empresas de pequeno porte são 54 mil, sendo 28 mil delas classificadas como construtoras.

Em termos de geração de ocupação e empregos, a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou 6,62 milhões de ocupações na área. Segundo a Associação Brasileiras das Incorporadoras (Abrainc), cada 100 metros quadrados construídos geram 4 empregos diretos. Segundo Souza, ainda não é possível aferir o impacto total do Coronavírus no setor da Construção, no entanto, os movimentos registrados na área de inovação indicam que a cadeia produtiva tem tudo para se recuperar.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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