OPINIÃO: “Assim não vai”

Por MAURÍCIO ASSUERO

Cada vez mais me convenço de que não vamos sair da crise tão cedo. Minha desconfiança vem do conjunto da obra feita por governo e congresso. Que o governo errou, todos nós sabemos e também sabemos que este erro não deve ser apenas imputado ao governo atual. Lula erro muito quando disse que a crise para o Brasil era só uma “marolinha”. Incentivou o povo a gastar na tentativa de dinamizar o consumo, levou as famílias para um nível de endividamento alto e agora critica a política de isenção de impostos. É engraçado porque toda a política monetária implantada no seu governo era baseada no IPI.

Por outro lado, surge o PSDB, notadamente na figura do seu presidente Aécio Neves, defender com unhas e dentes o impeachment de Dilma, no entanto, seu partido até o momento não fez qualquer menção contra o presidente da câmara, Eduardo Cunha, que segundo depoimentos de um dos delatores, recebeu US$ 5 milhões como propina. Não acho coerente aceitar essa postura e me coloco diametralmente oposto a este tipo de conduta. Se quer moralizar não aja com dois pesos e duas medidas.

Dilma erra e muito, mas minha do meu ponto de vista há uma cortina de fumaça que a envolve. Quando no início do seu primeiro governo ela demitiu os ministros que estavam envolvidos em desvios, sua popularidade foi maior do que a de Lula no início do seu governo. Foi fácil demitir porque estas pessoas não pertenciam ao seu partido. Agora há denúncia contra dois ministros do PT, um deles, ocupa uma sala ao lado da sala da presidência. Poderia ser demitido porque desagrada todo mundo, mas não será porque é um dos únicos que continua fiel a Dilma. Ela não vai botar ali uma pessoa indicada por Lula porque ela sabe o que isso significa.

A única maneira de Dilma sair da crise é afastando os corruptos que se aproveitam de sua pouca habilidade política para fazer fortuna. O engraçado é que os partidos que se posicionam contra a corrupção não apoiam as medidas econômicas porque não conseguiram ocupar os cargos de segundo/terceiro escalão. Fica claro que se estes cargos forem definidos o cargo passa a ter apoio e tudo mais se resolve.

O maior risco que a economia corre chama-se Joaquim Levy. Até o momento ele tem se mostrado uma pessoa séria e se sair do governo será muito difícil colocar alguém coma mesma visão. Levy é criticado por mudar de opinião, fato que é interpretado como insegurança, mas a verdade é outra. Ele queria 1,16% do PIB como superávit e para isso precisaria de cortes, no entanto, como demitir os partidários, por exemplo? Isso que deveria fazer é Dilma.

 

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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