OPINIÃO: Até onde os pais fazem a diferença?

Por MENELAU JÚNIOR

Os números do Censo Escolar 2011 revelaram, entre outras coisas, que escolas particulares que custam menos de R$ 500 são menos equipadas que escolas públicas. Ou seja, têm menos laboratórios, salas de informática e aparelhos multimídia. Do ponto de vista estrutural, as particulares só ganham das públicas nas quadras cobertas. Por que, então, os resultados do Enem dessas escolas públicas normalmente são inferiores aos das particulares? A resposta está nos pais e nos professores. Menos nestes, mais naqueles.

A base familiar faz toda a diferença quando queremos analisar os resultados dos bons alunos. Eles normalmente têm pais que leem, que investem em atividades educacionais, que frequentam cinemas, teatros e livrarias. Em outras palavras, é o ambiente em que o aluno vive o elemento mais importante quando se compararam resultados. Há exceções, claro, mas estamos aqui falando de estudos sérios e números gerais: estudantes cujos pais são letrados têm resultados mais expressivos. O próprio Enem já observou a diferença e agora divulga o resultado das escolas considerando o nível socioeconômico dos alunos. A constatação, quando se cruzaram os resultados, foi esperada: alunos de classes sociais mais elevadas têm resultados muito melhores que os alunos pobres. Ou seja, a escola, ainda que muito boa, dificilmente vencerá esse obstáculo: a vida do aluno – e a de seus pais – fazem muita diferença nos resultados escolares.

Mas existe outro fator importante: a presença dos professores. Nas escolas particulares, o número de faltosos é bem menor – e cada professor costuma lecionar a disciplina em que se formou. Nas públicas, para “fechar” carga horária, o professor de História ensina Geografia; o de Matemática, Física ou Química. Não bastasse isso, o acompanhamento dos professores é maior, uma vez que as escolas particulares vivem de resultados. Sem contar as intermináveis greves! Todos sabemos como são feitas as “compensações” de aulas…

Segundo cálculos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o Brasil teria de investir três vezes mais o valor anual gasto com cada aluno para ter um padrão mínimo – atenção, MÍNIMO!!! – de qualidade. Em vez disso, a reforma econômica do governo já cortou alguns bilhões da verba dedicada à Educação. Em vez disso, criam-se mecanismos para forjar números e aprovar alunos. Na “pátria educadora” de Dilma, ela “não coloca meta, deixa a meta aberta. Mas, quando atingir a meta, vai dobrar a meta”.

A desonestidade intelectual do petismo é um caso que nem mesmo educação de qualidade resolve.

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todos os sábados. E-mail: menelaujr@uol.com.br

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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