por Maurício Assuero
Não há como negar que o Carnaval não tem mais o mesmo apelo de outros tempos e, precisamente, neste ano dois importantes fatores farão a festa popular ser menor do que já era. Obviamente que a crise econômica afetou duramente as prefeituras e os estados comprometendo recursos que deveriam ser destinados à festa. Nosso estado, particularmente, o Tribunal de Conta do Estado se colocou contrário aos gastos com o Carnaval em quatro municípios. Se houver interesse em manter a festa então que seja com recursos próprios, mas qual empresa estaria disposta a patrocinar tal evento numa cidade pequena do interior do estado onde o retorno financeiro seria algo absolutamente incerto? Até mesmo nas grandes cidades a presença da iniciativa privada tem sido menor porque, sabiamente, é ora de evitar gastos, de rever orçamentos, de controlar custos, etc..
Outra questão fundamental é o espalhamento do aedes aegypti transmitindo dengue, zika e chikungunya, elevando, absurdamente, o número de casos de microcefalia no Brasil inteiro, notadamente no nosso estado. Naturalmente, pelo aglomerado de pessoas, o Carnaval é causa para as viroses e o povo pouco se importava em “pegar uma gripe”. Agora, não. Agora estamos falando de um problema de grande impacto e, francamente, o governo – em todos os níveis – deveria fazer uma conta bem simples: vale a pena o estado assumir os gastos com a microcefalia? Veja bem: os valores investidos no Carnaval duram apenas os dias de folia, mas o tratamento clínico para uma criança que nasce com microcefalia dura bem mais.
Ao longo do tempo observa-se uma mudança no comportamento das pessoas, incluindo muitos jovens, em relação ao Carnaval. Surgiram alternativas como os retiros ou mesmo a fuga para um local “mais tranquilo”. De certa forma, trocou-se o risco da violência por outros debates, como religião. Assim, um gasto de R$ 1 mil com o Carnaval pode se transformar num gasto de R$ 400,00 num retiro. Mas, deve-se pensar que parte da população espera o Carnaval por ser uma festa aberta, de rua, onde qualquer um bote chegar e exercitar seus passos de frevo e que para estes, o que vale é uma banda tocando Vassourinhas e vamos esquecer as agruras do dia.
De qualquer forma, é uma pena observar que o Carnaval perdeu seu encanto. Nem mesmo o Galo da Madruga – que sai, hoje às 10h – consegue mais seu 1 milhão se seguidores. No entanto, tem um lado positivo: o turista. Esse, desde que bem recebido, volta e traz com ele outros. Divulga no seu país, no seu estado, nossa riqueza cultural. Então, vamos dar a ele o mínimo: segurança!