OPINIÃO: Carnaval brasileiro

Por MENELAU JÚNIOR

O Brasil é conhecido no exterior ou pelo futebol ou pelo carnaval. E só. Não temos universidades entre as melhores do mundo, nosso ensino fundamental é vergonhoso e matamos mais em um ano do que se matou na guerra do Iraque.

Os infantiloides ufanistas ainda querem acreditar que Deus é brasileiro. Imagina se não fosse!! Neste fim de semana, vamos mostrar ao mundo que nossas mulheres gostam de andar seminuas, que nossos jovens praticam sexo irresponsavelmente e que os homens exageram na bebida e vão dirigir alcoolizados. Traduzindo, é carnaval!

A maior festa brasileira é uma prova irrefutável de nossa mediocridade. Excetuando-se uma ou outra manifestação cultural, o carnaval brasileiro é um mistifório vulgar e banal. Mas nada que não possa ficar pior.

Basta olhar os mais recentes números da violência no Brasil. Por ano, são mais de 50 mil assassinatos. 50 mil. Isso significa que, por dia, aproximadamente 137 pessoas são mortas. São quase 6 por hora. Uma a cada 10 minutos.

Os números são alarmantes também quando o quesito é morte no trânsito. E depois do alarde Lei Seca, tudo já voltou ao normal. A polícia não tem bafômetros suficientes, e o cidadão pode se recusar a fazer o teste. Ou seja, é lei para inglês ver.

Só para se ter uma ideia da selvageria brasileira, em 2008, enquanto os Estados Unidos obtiveram uma taxa de 12,5 mortes a cada 100.000 habitantes, o Brasil apresentou uma taxa de 30,1, sendo que a frota de carros norte-americana é o triplo da brasileira. Matamos muito mais com muito menos!!

O Brasil é conhecido no exterior ou pelo futebol ou pelo carnaval. Nosso futebol já não é o melhor do mundo faz algum tempo. Nosso carnaval é grandioso em mortes, em exploração sexual, em consumo de bebidas alcoólicas. De fato, temos muitos motivos para comemorar. Já pegou sua fantasia?

Até a próxima semana.

menelau blog

 

Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todas as quintas-feiras. E-mail: menelaujr@uol.com.br

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *