Opinião: Dois atrasos: PT e PMDB (e todos os outros)

Por Tiê Felix

Por ser muito radical durante o fim da década de 80 e os anos 90, o PT não conseguiu o tão sonhado posto de presidente em suas disputas, através de Lula. Sem os conchavos malignos e retirando um pouco da utopia comunista, jamais Lula teria sido presidente. Existem esquerdistas radicais que até hoje acreditam na isenção moral do PT e defendem ferrenhamente as posturas tomadas por um governo dos Trabalhadores que somente prejudica os trabalhadores.

Se voltarmos a época das eleições indiretas entre Neves e Maluf, as palavras de Lula absolutamente voltadas para os interesses dos trabalhadores negava qualquer proposta que não fosse em favor dos desfavorecidos: isso ficou no passado. Hoje aquele PT teórico faliu e com ele todos os que ainda acreditam nos seus princípios. Basta ver os esquemas montados pelo Partido para se manter no poder; suas alianças por exemplo.

Já o PMDB é um partido de centro, único de oposição durante a ditadura, que aglomera em seu interior todo tipo de interesses (o famoso catch all party), desde capitalistas até esquerdistas, que é a cara dos esquemas políticos brasileiros para se manter no poder. O PT aprendeu muito com o PMDB, chegando a se unir a ele porque se não se ajuntasse jamais estaria ocupando a presidência em Brasília.

Antes ambos estes partidos se colocavam como vitimas da ditadura, como pobres coitados que somente sofreram as perseguições e, por consequência, deveriam ter a  cara do Brasil democrático que estava sendo inaugurado na década de 80.Vã ignorância de quem acredita neles. A população que pede uma intervenção militar chega a conclusão de que o Brasil é o mesmo da ditadura em termos de injustiça e de má administração, só que com cara de democracia. Chegou-se a conclusão de que nosso pais é muito pouco democrático  – quem não sabe disso – e que as vozes das ruas não serão ouvidas, porque os políticos pouco se importam com tais clamores ,assim como na ditadura.

Diante de um contexto tão difícil por ser tão cansativo temos apenas que assistir a desmoralização geral e o descaramento.

Os esquerdistas radicais criticam quem exprobra o governo, porque acreditam que a democracia tem de estar consolidada. Numa democracia como a nossa sua consolidação é apenas a manutenção do legado que a ditadura deixou. A democracia brasileira somente é um papel assinado.

Há quem acredite em ideologia e em partidos. Deve-se acreditar em canalhas mentirosos então?

Tiê Felix é professor

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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