OPINIÃO: Geração Bar do Rock (Parte I)

Por DANIEL FINIZOLA

Em todo o mundo, gerações marcam o tempo através do comportamento, produção musical, teatral e cultural de modo geral. Foi assim com o Club da Esquina em Minas, com a geração de 68 na França, com hippies nos EUA, com a Bossa Nova de Jobim e companhia, só pra citar alguns exemplos. Em Recife, os anos 90 foram férteis no que diz respeito à produção cultural. A geração Manguebeat explodiu como um dos maiores movimentos musicais do Brasil. O som de cheiro tropical com elementos universais conquistou o interesse de uma grande gravadora e, pouco tempo depois, lá estava na novela para todo o Brasil ouvir o som que Pernambuco produzia.

Hoje, quem está na casa dos 30 viveu toda essa efervescência em Pernambuco. Em Caruaru, certamente, muita gente que soma esse tempo de vida já deve ter frequentado ou ouvido falar em um lugar chamado Estação Mangue Barro, não? Então vamos lá! Caso você pegasse uma mototáxi e pedisse ao cara para levá-lo à Estação Mangue Barro, é provável que ele não soubesse. Mas, se você dissesse “me leve no Bar do Rock”, o cara ia dizer logo: “Ah! É aquele lá perto da Fiat, né?” Essa era a forma que as pessoas conheciam o bar que ficava na av. José Rodrigues de Jesus, onde hoje funciona um posto de gasolina. O nome oficial do bar (Estação Mangue Barro), apesar de poucos conhecerem por esse nome, mostrava como Caruaru seguia os ecos do movimento manguebeat e da fase que o rock nacional passava naquele momento. Bandas como Charlie Brown Jr., Raimundos, Planet Hemp traziam um pouco da rebeldia, sarcasmos e cheiro de garagem no som, deixando as expressões musicais mais viscerais.

Foi nesse bar que várias bandas que fizeram e fazem sucesso na cidade surgiram. Lembro que num dia 18 de maio de 1998, Ivan Márcio, vocalista do Sangue de Barro, anunciava no meio de um show o nome da banda. Eu estava lá vibrando e vendo surgir uma das bandas mais emblemáticas da música caruaruense. Muitos que naquele momento faziam parte do Sangue de Barro já eram referências do rock caruaruense. Nato Vila Nova, proprietário do bar, foi fundador da Psych Acid, uma das primeiras bandas de trash da cidade. Ivan Márcio e Mago Gildo já tinham participado de projetos musicais como The Thorn e Tributo à Legião. Sem contar os que sempre chegavam por lá pra dar uma canja: Almir Vila Nova, Rivaldo, Rildo e tantos outros que não me lembro agora. Essa galera, sem dúvida, era referência para a nova geração de roqueiros que surgia na cidade.

Eu era um jovem de 18 anos, cheio de ideias na cabeça com uma guitarra nas mãos, inserido em um movimento que aos poucos adquiria corpo, identidade e saía do underground.

Quer saber mais sobre essa história? Semana que vem tem mais!

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

One thought on “OPINIÃO: Geração Bar do Rock (Parte I)

  1. Joanatan Richard says:

    Muito massa o texto, Daniel!!
    Eu não participei dessa fase do rock em Caruaru, apesar de ser de uma geração “um pouco mais antiga”, devia estar em outras histórias, eheh.
    Mas compartilhamos juntos, eu (com The Bluz), vcs da Sobreviventes IDR, Sangue de Barro, Zabumba Bacamarte e outros mais, creio que contribuímos muito em Caruaru e Região para o rock como um todo! Sem esquecer galera que fazia rock antes, Herbert Lucena, Storms, Extreme Death, Psych Acid, etc.

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