OPINIÃO: Yes, nós temos nossa própria bolha

Por ALEXANDRE BARBOSA MACIEL

Na semana passada, foi anunciado o prêmio Nobel de Economia. Um dos ganhadores foi o norte-americano Robert Shiller, que previu o estouro das ações das empresas do Vale do Silício e da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, quando esteve recentemente, ficou impressionado com a valorização repentina dos imóveis, onde observou que em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo os preços mais que dobraram em apenas cinco anos.

No mesmo período, o INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção) oscilou apenas 53,80%. Imagine o que ele pensaria se fizesse uma retrospectiva dos últimos dez anos. Se observarmos o mercado local, fica evidente que a euforia de investir em imóveis já está bem menor do que nos anos anteriores e que o preço das locações, que é um dos principais termômetros do mercado imobiliário, está estabilizado e com leve tendência de queda em alguns segmentos.

Isso serve para regular o mercado e, consequentemente, os preços dos imóveis, uma vez que existe uma farta quantidade de imóveis para locação, com valores de aluguel bem atraentes e com tendência de estabilidade nos próximos anos. Enquanto isso, o preço dos imóveis continua nas alturas.

O mercado brasileiro vive uma perigosa simbiose entre um círculo virtuoso no qual a construção civil tem funcionado para promover o binômio emprego e renda, além de realizar o desejo da maioria da população em relação à casa própria, com um círculo vicioso do inflacionamento dos preços dos imóveis e do endividamento.

Um dos principais fatores para a grande valorização dos imóveis está nos preços dos terrenos e no aumento dos custos da construção, como a mão de obra e os encargos. O cumprimento das exigências do Ministério do Trabalho também tem sido apontado pelos construtores como um dos fatores para o encarecimento dos imóveis. A guerra entre as construtoras supervalorizou o custo com a mão de obra, que mês a mês tem sido o principal fator de aceleração do INCC-M. Outro fator importante é que quanto maior o valor do imóvel, mais caras são as taxas, os emolumentos e os impostos para regularização.

É preciso bastante atenção na hora de investir em imóveis, levando principalmente em consideração a localização e a infraestrutura dos arredores do imóvel, pois essas questões não mudam conforme a necessidade do investidor, e, sim, são determinadas por políticas públicas. Assessoria profissional nessas horas é indispensável.

Durante a minha vida profissional de administrador de imóveis, sempre observei que os fatores que mais determinam na escolha do local da moradia são, em primeiro lugar, a proximidade do imóvel com a escola dos filhos e, em segundo lugar, com o trabalho. A segurança é uma exigência comum a todos.

alexandre barbosa
Alexandre Barbosa Maciel, advogado, é corretor de imóveis, conselheiro suplente do Creci-PE e diretor da Imobiliária ABM. Escreve todas as terças-feiras para o blog

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

3 thoughts on “OPINIÃO: Yes, nós temos nossa própria bolha

  1. Wallas says:

    Parabéns ao colega Alexandre, pelas sábias palavras acima, mas, abro um espaço para acrescentar que no Brasil um dos principais fatores que vem inflacionando o mercado, além da legislação trabalhista, são as atitudes e politicas do governo federal com sistema de financiamento habitacional, percebe-se que além do aumento do prazo que quase triplicou nos últimos 5 anos, houve uma redução da taxa de juros de pelo menos 50%, sem contar com os incentivos de desconto minha casa minha vida. Com isso pessoas que não tinha acesso a crédito passaram a ter e outros que tinha credito limitados foram liberados, sem falar que para as construtoras que tinham uma burocracia imensa para adquirir capital juntos aos bancos, agora basta ter o projeto todo regular. Com tudo isso prevalece uma velha lei da economia que se chama poder de compra. Onde as pessoas não podia pagar agora podem pagar no lonnnngggooooo prazo, então posso aumentar meus preços as alturas pois eu sei que tem mercado. Graças ao nosso governo federal com suas idéias imediatistas. Imagina você adquirir uma dívida de 40 anos e depois ainda ganhar de bônus uma cartão de credito que te dar mais dívida? Como será esta economia daqui a 5 anos?

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