O observatório da política da CBJP (Comissão Brasileira de Justiça e Paz), órgão autônomo vinculado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), publicou nesta terça-feira (18) uma nota de repúdio a declarações do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, em relação ao Sínodo da Amazônia, reunião de bispos marcada para outubro deste ano, no Vaticano.
No comunicado, a CBJP pede uma mobilização de cidadãos e autoridades “para que assumam uma firme e corajosa atitude em defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia”, que o órgão julga ameaçada por informações como uma suposta pretensão estrangeira de instalar bases militares na região.
Em nota, Heleno nega que o GSI, mais especificamente a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), esteja investigando a Igreja Católica, mas admite “preocupação funcional com alguns pontos da pauta” do sínodo, que foi convocado pelo Papa Francisco em 2017 e envolve nove países sul-americanos relacionados à Amazônia.
A CBJP afirma que as declarações de Heleno vão no sentido de “interferir nos cultos religiosos e nas igrejas, embaraçando-lhes o funcionamento”, e de “fazer acusações inverídicas, imputando vinculações partidárias à Igreja Católica, classificando-a como ‘esquerdista’ e inimiga do Governo Federal”.
As declarações do ministro sobre o evento vieram à tona em uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, no dia 10 de fevereiro. Dois dias depois, Heleno foi questionado por jornalistas e reconheceu que o governo teme que o sínodo “entre em assuntos que são afetos à soberania” brasileira.
“O que eu acho que tem que ser uma preocupação nossa é não deixar que entidades estrangeiras, ONGs estrangeiras, chefes de Estado estrangeiros, às vezes por trás dessas ONGs, queiram dar palpite em como deve ser tratada a Amazônia brasileira”, afirmou o ministro durante o velório do jornalista Ricardo Boechat.
A CNBB se posicionou apenas por meio de um vídeo gravado por Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da Confederação. O dirigente afirma que o objetivo do Sínodo é “encontrar novos caminhos para a evangelização para a Amazônia”.
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