Pedro Augusto
O período tem sido difícil com a proliferação do novo coronavírus pelo mundo, porém ainda tem se havido espaço para as divulgações de boas notícias. A população de Caruaru e de demais municípios do Interior do Estado, ultimamente, vem sendo contemplada com um baita presente advindo do céu. Quem pensou nos grandes volumes de chuvas que estão ocorrendo, principalmente, desde a semana passada, acertou em cheio. Somente na Capital do Agreste, por exemplo, em apenas 24 horas, choveu 75,1% do esperado para todo o mês de março, atingindo a casa dos 56,2 milímetros dos 74,8 milímetros aguardados. Os números são da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
Em entrevista na terça-feira (24) ao VANGUARDA, a meteorologista da Apac, Zilurdes Lopes, explicou os fatores que estariam provocando o aumento das precipitações na cidade. “O Oceano Atlântico encontra-se bastante aquecido e, se tivermos um sistema de ventos favorável, a tendência é de continuarmos observando volumosas chuvas no Agreste e nas demais regiões de Pernambuco. No ano passado, o Oceano Pacífico esteve sendo influenciado por um sistema não favorável às precipitações, entretanto, em 2020, a situação se encontra dentro da normalidade, o que reforça ainda mais a expectativa de maiores registros de chuvas no comparativo de um ano para o outro.”
Diferentemente dos dois primeiros meses deste ano, quando se houve a predominação de pluviosidades localizadas, a tendência é de que, já a partir de abril, as chuvas ocorram de uma forma mais uniforme em Caruaru. “Tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano corresponde ao período pré-estação, onde se há o registro de chuvas mais isoladas, entretanto, já no próximo mês, a região entrará no seu ciclo de estação regular de chuvas. Sendo assim, não só Caruaru, mas também os demais municípios da região passarão a contar com precipitações mais regulares. A projeção é de que elas fiquem dentro da normalidade da época ou um pouco acima das médias históricas”, acrescentou Zilurdes.
De acordo ainda com a meteorologista da Apac, o quantitativo de chuvas contabilizadas no Estado encontra-se superior em comparação com o mesmo período de 2019. “Para se ter ideia, em 2020, tem-se chovido mais em relação aos três últimos anos não só no Agreste, mas em todas as regiões do Estado. Em relação ainda a este intervalo de primeiro trimestre, também observamos uma melhor distribuição das precipitações nos comparativos com 2019, 2018 e 2017”, explicou Zilurdes.
RODÍZIO
As fortes chuvas registradas nos últimos dias em cidades do Agreste vêm provocando avanços no tocante aos sistemas de abastecimento de água fornecido pela Compesa. A exemplo de Jucazinho, a Barragem de Tabocas, localizada em Santa Cruz do Capibaribe, é outra que conseguiu acumular água, atingindo 19,60% da sua capacidade total, que é de 13 milhões de metros cúbicos. Com a melhoria do nível de Tabocas, que estava em colapso desde o ano passado, a presidente da Compesa, Manuela Marinho, determinou que sejam realizados os ajustes operacionais necessários que irão permitir a diminuição do rodízio em Caruaru.
A expectativa é de que já na próxima semana, toda a área urbana da cidade seja abastecida no regime de 5 x 10, saindo do calendário de cinco dias com água e 15 dias sem. Também será ampliado, em mais um dia, o fornecimento de água para a zona rural do município, que passará a ter água no período de dois dias com água e 30 dias sem.
Manuela Marinho adiantou que gradativamente já está sendo possível atender com mais água as áreas periféricas da cidade, como as localidades de Luiz Bezerra Torres, Rendeiras, Residencial Alto do Moura e José Carlos Oliveira. Ela explicou que tal avanço está sendo possível porque o sistema Prata-Pirangi não compartilhará mais água com Santa Cruz do Capibaribe, que voltará a ser abastecida exclusivamente por Tabocas. Com mais água do Prata-Pirangi para Caruaru, foi determinada a redução imediata do rodízio na Capital do Forró.
“Estamos realizando os ajustes e fazendo todos os testes para que mais água seja direcionada a Caruaru, um município de grande contingente populacional e importante para a economia da região e do Estado”, afirmou Manuela.
JUCAZINHO
Depois de quatro anos, o principal manancial da região, Jucazinho, voltou a atingir o nível de 11,2% de sua capacidade, saindo do estágio de pré-colapso com o percentual abaixo de 1% que vinha sendo registrado desde 2016. Até a última segunda-feira (23), o número real em relação a este sistema, correspondia a 22.945.682,60 metros cúbicos de água acumulada. Com o avanço, já está sendo possível garantir o novo calendário de abastecimento das cidades por pelo menos um ano.
“Estamos animados com esse percentual por conseguir de imediato melhorar o abastecimento desses municípios e, posteriormente, aumentar ainda mais o nível da barragem, uma vez que a região do Agreste ainda não está oficialmente no seu período chuvoso”, destacou Manuela Marinho.