Apontado como um dos financiadores dos ônibus que levaram golpistas até Brasília para os atos terroristas que culminaram na depredação da sede dos Três Poderes no último dia 8, o fundador da Associação Direita Campos, Carlos Victor Carvalho, de 34 anos, é alvo da operação da Polícia Federal em Campos dos Goytacazes.
Nomeado para o gabinete do deputado estadual Felippe Poubel (PL) em junho do ano passado, o fundador Campos é administrador de perfis de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais e ex-candidato a vereador, Carvalho ainda não foi preso. Nas eleições de 2020, ele concorreu ao pleito pelo Republicanos, mas obteve 2.292 votos e não foi eleito.
O perfil pessoal de Victor nas redes sociais tem mais de 50 mil seguidores e conta com postagens de apoio ao ex-presidente, assim como críticas a Lula (PT). No Instagram, ele tem como foto de perfil uma imagem em que faz o gesto de “arminha” com as mãos e se apresenta como “cristão, conservador, anticomunista e contra o aborto”. A conta é privada, mas seguida pelo deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ).
Nesta segunda-feira, a Polícia Federal decretou a Operação Ulysses no intuito de cumprir três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão contra suspeitos acusados de organizar e financiar os atos golpistas. A ação teve origem na investigação sobre lideranças envolvidas nos atos que bloquearam rodovias no Norte Fluminense.
O bombeiro Roberto Henrique de Souza Júnior, de 52 anos, e Elizângela Cunha Pimentel Braga, de 48 anos, foram detidos. Carlos Victor Carvalho ainda não foi localizado. Os mandados de prisão de Júnior estão sob sigilo.
Candidato a deputado federal e fã de Daciolo
Preso na Operação Ulysses, o subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Roberto Henrique de Souza Júnior, de 52 anos, foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018. Lotado em Guarus, no Norte Fluminense, ele disputou o pleito pelo Patriota, partido ligado à base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob a alcunha de “Júnior Bombeiro” e obteve 1.260 votos.
Em agosto do ano passado, ele foi condenado pela Justiça Eleitoral por mau uso do fundo partidário. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio, o então candidato não prestou suas contas de campanha, motivo pelo qual foi obrigado a devolver R$ 4 mil.
Em 2011, o subtenente chegou a ser preso por participar de uma manifestação liderada por Cabo Daciolo. Na ocasião, o então 1° sargento e seus 429 colegas quebraram 12 viaturas e os portões do Quartel Central do Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) enquanto pediam melhores salários. Júnior tem 33 anos de corporação.
Ao Globo, o Corpo de Bombeiros do Rio informou que acompanha de perto a Operação. De acordo com a corporação, Roberto Henrique de Souza Júnior será conduzido ainda hoje ao Grupamento Especial Prisional da (GEP), em São Cristóvão, onde ficará à disposição da Justiça.
— O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro repudia veementemente quaisquer atos que ameacem o Estado Democrático de Direito. Será instaurado, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar a participação do bombeiro da corporação em ataques contra o patrimônio público e em associações criminosas visando à incitação contra os poderes institucionais estabelecidos, o que é inadmissível — afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.
O Globo